sexta-feira, 3 de junho de 2011

Construindo o momento de cânticos

Já teve a impressão que o culto está totalmente desconexo de uma parte da outra? Ou então, que as músicas no momento de cânticos não tem continuidade de uma música para outra, e às vezes até parecem se contra-dizer? Se você já tem algum tempo de igreja, já deve ter visto  uma situação como essa:


"Começa o culto. Após a leitura de alguns versículos e avisos gerais, entra a equipe de louvor para ministrar o momento de cânticos. Para "quebrar o gelo", a primeira música fala sobre comunhão e amor fraternal, fazendo com que as pessoas se comprimentem. Na segunda cantam sobre conquista e triunfalismo do cristão (prosporidade), na terceira sobre o imenso amor de Deus e de seu cuidado por cada ser, na quarta sobre como Deus esmagou e aniquilou seus inimigos, fuminando até o último fio de cabelo deles, e por fim, acaba cantando uma música de entrega, para preparar um 'clima' para a pregação"


Dentro do culto de nossas igrejas, depois da pregação, o momento de cânticos provavelmente seja o momento de maior destaque e que ocupe mais tempo. A música consegue envolver as pessoas, facilitando para que elas entrarem em um "espírito de adoração", e se colocarem diante Deus. Mas como toda ferramenta, ela precisa ser bem usada. A escolha de músicas "erradas" pode desestimular ou inibir as pessoas, quebrando o momento de adoração.

Quando tocamos/cantamos, estamos também ensinando, pregando e ministrando na vida das pessoas. Estamos levando uma mensagem para as pessoas, e precisamos nos preocupar se essa mensagem estará sendo entendida, se tem lógica entre si e se está bem estruturada. Um dos erros mais comuns de equipes de louvor em relação à escolha de músicas, é tocar músicas com temas totalmente diferentes e aleatórios, não comunicando efetivamente nada para a igreja! Isso acontece porque muitas vezes as músicas são escolhidas em critérios como gosto pessoal, músicas que não são tocadas a algum tempo, as primeiras músicas lembradas etc.


Pensando nisso, colocaremos aqui algumas sugestões de como preparar e escolher as músicas que serão tocadas no momento de cânticos.

Pontos de partida

- Ore
Acima de tudo, o controle do culto tem que estar nas mãos de Deus. Esteja atento para a "voz" do Espírito Santo. Gaste um tempo orando e pedindo direcionamento. Tenha sempre em mente que a ação de Deus não está restrita a regras ou metodologias.

- Conheça as necessidades de sua igreja
Esteja sensível ao momento da igreja. Caso a igreja esteja passando por problemas de intrigas, procure músicas sobre amor e perdão, caso esteja passando por momentos de dor, procurem músicas sobre o consolo e a soberania de Deus... 

- Procure saber o tema da pregação
Usar músicas que estejam relacionadas com o conteúdo da pregação que será realizada valoriza a mensagem e dá uma maior unidade ao culto. Embora não seja uma regra, é um bom início. 


Caso você não saiba o tema da pregação, e não tenha nada em especial que você entenda que a igreja precise, ou algo que Deus esteja colocando em seu coração, procure escolher como tema central das músicas as grandes verdades do evangelho, como a graça de Deus, o sacrifício de Cristo, arrependimento, soberania de Deus etc.




Estruturando o período


Gráficos de tipos de adoração

Antes de iniciar a escolha das músicas, vale parar para pensar sobre como será o desenvolvimento do momento. Dependendo do contexto (momento do culto que vai ocorrer, se será continuo ou se terá alguma pausa no meio etc), o desenvolvimento das músicas será diferente.

Um dos pontos que você deve observar é em relação aos ritmos e andamentos (velocidade) das músicas. Alternar muito entre músicas rápidas e lentas podem resultar em um efeito negativo. Para ajudar a ter um desenvolvimento fluido do momento, você pode colocar as músicas seguindo um gráfico.

Existem 3 tipos de sequências mais comuns:

- Decrescente
Nesse primeiro tipo, coloca-se as músicas mais rápidas e agitadas no começo, diminuindo gradativamente, acabando com músicas lentas, e geralmente de maior profundidade e reflexão. Esse tipo de desenvolvimento é interessante para "preparar" as pessoas para uma pregação mais profunda e reflexiva, ou para um apelo. 


- Crescente
Oposto ao primeiro, inicia-se com músicas mas lentas, e finaliza-se com músicas mais rápidas e animadas. Uma bom momento para aplicar esse tipo de desenvolvimento é no culto matinal, onde algumas pessoas podem estar mais sonolentas no início do culto, e irem se envolvendo até estarem mais despertas para a mensagem.


- Parábola
O terceiro e último tipo, é a adoração em gráfico de parábola. Inicia-se com músicas agitadas, depois vai diminuindo até um momento de músicas lentas, e por fim, volta a crescer e acaba com músicas mais rápidas e animadas, muitas vezes, muito mais rápidas e animadas do que as músicas iniciais. Essa disposição de músicas é comum em "louvorzões".

Fases da Adoração

Dentro da visão da Vineyard Music, o período de cânticos pode ser dividido em 4 fases. As músicas são escolhidas e organizadas de acordo com o propósito de cada fase, construindo um desenvolvimento lógico da mensagem que está sendo cantada.

- Chamado
Nem todas as pessoas se preparam para o culto. Geralmente, as pessoas começam o momento de louvor com pensamentos fora do foco, que é adorar a Deus. A(s) primeira(s) servem para fazer as pessoas "acordarem" para o louvor, deixando de lado todas as coisas que não sejam se colocar na presença de Deus. Exemplos clássicos desse momento são as músicas "Vem, Esta é a Hora", "Hoje é Tempo" e "Bom Estarmos Aqui".

- Envolvimento
Depois de "conectadas", as próximas músicas servem para levar as pessoas a uma maior profundidade na adoração. Como o próprio nome diz, a idéia é envolver as pessoas dentro do tema.

- Intimidade
Nessa fase, se atinge o climax do tema do louvor. Geralmente são músicas mais profundas e reflexivas, músicas que coloquem a igreja diante de Deus, com temor e tremor, abrindo o seu coração para a sua palavra. Muitas vezes, o momento de cânticos acaba na fase de "Intimidade".

- Adoração
Depois de colocar-se diante de Deus, nada mais natural do que adorá-lo. A última parte da adoração consiste em pura e simplesmente adorá-lo, dar-lhe toda a honra e toda a glória, declarando a seu amor, santidade, soberania etc.

Dicas e Boas Práticas para a escolha das músicas

- Utilize somente músicas que sejam teologicamente corretas e coerentes com a doutrina de sua igreja. Parece óbvio dizer isso, mas muitas equipes não param para refletir sobre o que estão cantando, e não é incomum encontrarmos algumas "heresias" (mesmo que sutis) nas músicas do "mercado gospel".

- Se uma música possui alguma parte que você discorde teologicamente, não altere a letra para "adaptá-la". Isso fere as leis de direito autoral, e a intenção e trabalho do compositor devem ser respeitados.

- Lembre-se que o louvor é para toda igreja. Cuidado para não tocar músicas que agradem somente um determinado grupo, como somente os jovens. Procure um equilíbrio, mesclando entre músicas novas e antigas, rítmos diferentes, usando hinos etc.


- Se existirem diversas traduções de uma mesma música, busque aquela que melhor expressa o sentido original da música, e não a tradução que determinado artista usa. Respeite a intenção do compositor.

- Algumas músicas funcionam melhor do que outras. Procure usar músicas que você sabe que funcionam na sua igreja.

- Evite tocar excessivamente a mesma música. As pessoas podem se cansar dela, ou começar a a cantar sem pensar na letra.

- Cuidado para não tocar muitas música novas de uma vez. Procure introduzir músicas novas aos poucos. Procure tocar a música nova várias vezes, até a igreja aprender.

- Música nova para a igreja é música velha para o grupo de louvor. Não toque uma música que o grupo não tenha segurança para tocar/cantar.

- Unir uma música com outra é um ótimo recurso para evitar um "vazio" entre as músicas. Esse tempo de silêncio pode ser um pouco pertubador, fazendo com que as pessoas percam o foco. Você pode unir músicas usando músicas com o mesmo tom (mesmo que quebre o ritmo), ou músicas que tenha o mesmo rítmo, tomando um certo cuidado com músicas de tons diferentes (será necessário fazer a modulação).

Um comentário:

  1. Gostaria de lembrar a famosa máxima que diz que "Todo método é errado, alguns são uteis". O que estou propondo nesse post não é "único" jeito certo de se montar um período de louvor, muito menos estou dizendo que qualquer outro jeito seja errado. Muitas vezes, mesmo sem combinar, as músicas escolhidas ao acaso se encaixam perfeitamente com a mensagem e o resto do culto...

    Também vale dizer que nada do que estou colocando aqui foi invenção minha. Na verdade, essas dicas eu aprendi na Vineyard Music, quando participei dos acampamentos de férias do Atitude.

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