quarta-feira, 27 de julho de 2011

O músico cristão pode tocar fora da igreja?

Essa não é uma discussão nova, e respeito a opinião de cada pessoa sobre esse assunto, mas o fato é que diversas pessoas e igrejas "torcem o nariz" quando se fala sobre a possibilidade de um músico cristão "tocar na noite", como se fosse algo incompatível com uma vida de santidade, louvor e adoração a Deus.

Infelizmente, muitas dessas pessoas que condenam o músico que toca profissionalmente fora da igreja não possuem um argumento razoável para justificar esse preconceito. Pensando nisso, gostaria de registrar a minha opinião e argumentos que a sustentam, a fim de rebater esse preconceito.

Qualquer atividade ou profissão que exercemos, pode ser encarada de 4 formas:

1. Como hobbie - nesse caso, você realiza a atividade em questão apenas pelo prazer pessoal que ela lhe proporciona, como uma atividade de lazer e passa-tempo. Cada pessoa possui o seu "passa-tempo", e o que é divertimento para alguns, pode ser um "trabalho" para outras pessoas.

2. Como fonte de sustento - Dentro do nosso contexto sócio-econômico, precisamos trabalhar para gerar recursos para suprirmos as nossas necessidades, como moradia, alimentação, vestuário etc. Nesse caso, quem exerce a atividade não pode abrir mão do pagamento, independentemente de quem esteja contratando o serviço, e essa atividade não necessariamente deve estar relacionada à igreja. Um exemplo bíblico é Paulo, que mesmo sendo ministro do evangelho e chamado para apóstolo, trabalhava construindo tendas para ter recursos para suas necessidades.

3. Como ministério de forma voluntária - Nesse caso, a pessoa doa seu tempo livre para realizar uma atividade em prol do reino de Deus, sem remuneração para isso. Tradicionalmente, a maioria dos serviços "eclesiásticos" funcionam desse modo.

4. Como obreiro - A pessoa doa seu tempo integralmente para realizar a atividade exclusivamente para a igreja e para o reino de Deus. Nesse caso, como a pessoa não obtém sustento do seu trabalho, a igreja deve manter financeiramente essa pessoa. Normalmente entram nesse contexto os pastores e os missionários.

Essas 4 formas se aplicam para qualquer atividade. Um advogado pode advogar como profissão, mas também pode advogar como um ministério prestando, por exemplo, consultoria jurídica para pessoas de baixa renda, e usar esse tempo para testemunhar de Cristo, assim como um marceneiro pode doar parte do seu tempo fazendo manutenções no templo, e servir a igreja desse modo.

A música, como qualquer atividade, pode ser utilizada em qualquer uma das 4 formas. Uma pessoa pode tocar ou cantar na igreja de forma voluntária, mas também tocar ou cantar em bares, de forma remunerada, assim como um médico atende no hospital para ganhar seu sustento, e atende gratuitamente em viagens missionárias. Se uma igreja pedir para um músico escrever uma orquestração, ele pode cobrar por isso, assim como um pedreiro cobra para dar manutenção em um templo, pois gastará tempo e recursos para isso dos quais não pode abrir mão. Caso uma igreja queira que uma pessoa que trabalha como músico atue somente na igreja local, que pague então o seu sustento como obreiro.

Um dos argumentos dados pelas pessoas que são contra um músico tocar "na noite", é o ambiente que, supostamente,  "não condiz" com uma conduta cristã. Esse argumento é um tanto quanto infundado. Basta olharmos para o exemplo de Cristo que veremos que ele esteve, em todo o seu ministério, rodeado de pessoas que não condiziam com o "padrão" de "santidade" (ou religiosidade) imposto pelos religiosos de sua época. É interessante observar que Jesus tem uma das conversas mais profundas sobre adoração com uma "mulher da vida" (Jo 4). Pessoalmente, já tive experiências de conversas extremamente profundas com pessoas não cristãs em lugares não esperados, como numa "mesa de bar".

Vale dizer que as influências negativas e tentadoras acontecem em qualquer ambiente. Na verdade, creio que as tentações que sofrem os cristãos que trabalham nos meios de negócio e de poder público (que são aceitos na igreja) são muito mais perigosas e destrutivas do que as sofridas pelo músico. O que é mais grave eticamente, beber além da conta depois de uma apresentação ou aceitar dinheiro de suborno para fechar negócio com uma determinada empresa?

Outro argumento dado contra os músicos que tocam profissionalmente, que também considero infundado, é em relação à mensagem das músicas tocadas. Primeiramente, existe o bom senso das pessoas. Nenhum profissional precisa aceitar "qualquer trabalho" que lhe é proposto. Em segundo, esse não é um problema exclusivo dos músicos. Um profissional de marketing também não precisa "vender" uma ideia que não concorda? Será que todos os negócios e processos da empresa são éticos? Por fim, esse argumento  se torna mais infundado quando encontramos letras não cristãs muito mais éticas e coerentes (até mesmo teologicamente) do que muitas músicas supostamente cristãs que são cantadas nos cultos de hoje (você pode encontrar um exemplo no meu post "O Vencedor").

Meu último argumento a favor de um músico tocar profissionalmente fora da igreja é que Cristo nos convocou para sermos "sal da terra e luz do mundo". Temos que fazer a diferença e mostrar nosso relacionamento com Cristo Jesus através de nossas atitudes. Provavelmente eu nunca terei uma oportunidade de testemunhar para um grande artista, mas o músico que o acompanha sim. Esse é o verdadeira sentido de santidade, estar com quem precisa ouvir do evangelho, sem se contaminar. Sentar junto dos "pecadores", sem se tornar um, e mostrar que existe uma possibilidade de vida diferente. Não fomos separados para vivermos isolados dentro de uma bolha, mas para fazermos a diferença em meio ao mundo.

No amor do mestre,

Renan Alencar de Carvalho

4 comentários:

  1. Essa Frase Aqui São Para o Músicos Que se Venderam pra Musica Secular Esqueceram Que São Sacerdotes !
    -Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.- 1 Coríntios 10:31
    "Se Não For Pra Deus Não Precisa"
    -Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.-Romanos 11:36
    Se Acho Ruim Vai Ler a Bíblia e se Posicionar !!!! (A Verdade Dois mais Liberta)

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    1. Ederson,

      Obrigado por compartilhar seu ponto de vista, e amém pelos textos que você citou... Afinal, não existe comida cristã, ou comida secular.... mas em tudo, damos graças a Deus, comemos, e o glorificamos por isso! Pois TODAS as coisas (como diz o texto de romanos que você citou), de um jeito ou de outro, glorificam a Deus.

      Deus revelou sua graça através de sua criação, ou seja, através de tudo que nos cerca... e mesmo aquele que não conhece a Deus, consegue perceber a sua graça e expressá-la, glorificando assim a Deus, mesmo sem ser sua intensão.

      Muitas pessoas que não professam a fé em Cristo Jesus conseguem captar e expressar, mesmo sem compreender, a graça de Deus revelada no mundo e nos nossos relacionamentos humanos.

      Já que você citou dois textos bíblicos, gostaria que você refletisse em outros dois:

      "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." Felipenses 4:8

      "Examinai tudo. Retende o bem" 1 Tessalonicenses 5:21"

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  2. 2012 Deus vai requerer do seus músicos a unção que Ele confiou, sera um ano ao qual os verdadeiros adoradores irão se manifestar e serem exaltados por Deus e os que venderam os dons e trocaram por pratos de lentilhas ou negociaram os dons do DEUS ALTÍSSIMO SERÃO ABATIDOS PELO PRÓPRIO DEUS!!! Mt:7.21-23

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    1. Não entendi a relação entre o texto de Mateus e 2012....
      2012 é o suposto fim do calendário Maia, onde se iniciaria uma nova era (apenas isso). Não tem relação nenhuma com a bíblia.
      No mais, respeito sua posição, embora discorde da mesma.

      Espero que os outros textos e reflexões te abençoem de alguma forma.

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