sábado, 27 de novembro de 2010

A música que tocamos na igreja é arte?

Em diversos textos da Bíblia, é destacado a música como forma de expressão de louvor e adoração, mas em especial um texto que gosto bastante é o Salmo 33:2

"Entoai-lhe novo cântico, tangei com arte e com júbilo
(Almeida Revista e Atualizada)

Gosto desse texto porque destaca um ponto importante que creio que poucas vezes é levado em conta nas músicas de hoje:  tocar com arte! Isso porque nos limitamos à forma de música funcional*, e muitas vezes até comercial, e não nos esforçamos tanto para realizar trabalhos que tenham beleza, "poesia" melódica, originalidade etc.

Não quero dizer aqui que a música funcional ou congregacional** não seja boa, ou que toda música cristã tenha que ser uma verdadeira obra de arte. Mas confesso que me frustro com a falta de criatividade, originalidade e qualidade em muitas músicas cristãs. Por muito tempo da história, se você quisesse ouvir música de qualidade, você teria que ir para a igreja. Hoje, no entanto, o cristão que quiser ouvir música de qualidade muitas vezes tem  ir para o meio secular.

Quando digo "música de qualidade", não me refiro somente à construção estética ou em relação à dificuldade/complexidade de execução, que nem sempre são importantes. Arte vai muito além da beleza, arte é expressão! É inovar, é conseguir passar uma mensagem em cada ponto da música. Fazer com que cada linha melódica ou acorde tenha sentido com sua mensagem. No livro "O que é Arte" do escritor russo Liev Tolstoi, ele define uma obra como arte quando ela consegue "evocar" o mesmo sentimento ou idéia para todas as pessoas que a observam***.Será que nossas músicas provocam isso? Muitas vezes não tem nem coerência bíblica, quanto mais musical.

Graças a Deus existem intérpretes e compositores no nosso meio que não se levam pela mesmice, e se dedicam em ir além e produzir belas músicas, com qualidade, originalidade e profundidade.

Agradeço a nomes como João Alexandre, Stênio Marcius, Diego Venancio, Gladir Cabral, Glauber Plaça, Leonardo Gonçalves, Baixo e Voz, e mais tantos outros que entendem o que é "Tanger com arte".



* Forma de música executada para função determinada, sem pretensão de erudição ou inspiração melódica. No contexto, músicas que cumpram com parte do culto religioso. Ex.: Músicas ritualísticas.
** Forma de música para que todos os membros participem cantando. Forma estrutural simples, voltada para o texto cantado.
*** Não li o livro, essa interpretação foi dada por um colega compositor e arranjador, em uma conversa informal.

obs.: atualizado em 28/05/2011

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dia do Músico

Olá a todos.

Hoje é um dia particularmente especial para mim.

Para quem não sabe, hoje é dia do músico, e gostaria de aproveitar esse dia para dar uma pequena homenagem a todos os musicistas que usam esse incrível talento para alegrar nossas vidas, e falar com nossos corações.

Parabéns a você músico!

Um grande abraço,

Renan Alencar

domingo, 21 de novembro de 2010

A História dos Hinos

Quando eu estava na Igreja Batista do Marapé (Santos), eu organizava um evento de música instrumental, junto com um amigo. A idéia do instrumental era incentivar os músicos da igreja a se aprimorarem  e a produzirem arranjos e composições novas, além de ser uma porta aberta para pessoas que normalmente não entrariam na igreja.
Um desses instrumentais (Marapé & Cia em acordes), foi um especial sobre o hinário, e na abertura do evento, nós escrevemos esse texto abaixo, que gostaria de compartilhando com vocês!

"Com o fim do império Romano, e seu território subdivido, a Igreja Católica estabeleceu uma forma padrão de culto e liturgia, evitado assim que os diferentes costumes e regionalismos partissem também a igreja.
Por volta do séc. VIII, o papa Gregório I estabeleu como deveria ser a música usada na igreja (os cantos gregorianos). A música deveria ser cantada em Latim, sem acompanhamento de instrumentos, somente por homens, e todos em uníssono (cantando a mesma coisa).
Com o passar dos anos (e dos séculos),  pouco a pouco essa forma foi sendo quebrada, dando origem a novas formas como o organum, o conductus, entre outros (Ars Antiqua). Aos poucos, foi-se inserindo novos elementos e divisas nas músicas (acompanhamento do órgão, divisa de vozes etc).
Porém, foi por volta do século XII, na escola de música da catedral de Notre Dame (França), que  aconteceram os maiores avanços. Surge uma nova forma de música (Ars Nova) baseada na pólifonia e no contraponto, ou seja, música formada por diferentes vozes.
Essa evolução caminhou até a Renascença (Séc XVI), onde chegaram a ter composições com mais de 60 vozes diferentes (com melodias e letras diferentes), misturando letras sacras e profonas. A forma e a estética músical era o mais importante, e não o seu conteúdo.
Foi nesse cenário "musical" que surgiu a reforma protestante, propondo uma nova forma de culto, onde as pessoas deveriam participar, e não simplesmente assistí-lo. Surge então o conceito de música congregacional, músicas simples de fácil execução e memorização para todos cantarem.
No período da Renascença, os hinos eram feitos em cima de melodias folclóricas e profanas (não religiosas), onde colocavam uma letra cristã sobre a música original. Desse modo, as pessoas aprendiam e memorizavam as músicas rapidamente, e conseguiam cantar junto com a congregação. Dois exemplos são “Castelo Forte”, feito em 1523 por Martinho Lutero, e “Quem é este menino”, baseado na melodia de Greensleaves.
Por volta do Séc. XVIII, o piano começa a ser usado no lugar do órgão e do cravo, dando a forma tradicionalmente ultilizada até os dias de hoje (piano e voz).


Apesar da simplicidade das melodias e harmonias, os hinos são uma grande fonte de inspiração, tanto musical, quanto espiritual. Suas letras tem abençoado a vida de muitas pessoas, até os dias de hoje.


Renan Alencar de Carvalho e Filippe Farias de Souza"


Uma apresentação desse dia:

Hino 478 do HCC por Renan Alencar




abraços