quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Qual o papel da equipe de louvor?

"É engraçado como existem tantas pessoas que se dizem chamadas para tocar no louvor, mas tão poucas pessoas chamadas para a ação social"

Não me recordo exatamente palavra por palavra, ou o nome do pastor que a falou, mas me lembro que essa frase chamou  a minha atenção, e ela ilustra bem como muitas pessoas não sabem responder a pergunta que intitula esse post, ou não entendem a sua profundidade.

De fato, existe um certo brilho em tocar e cantar no momento de cânticos da igreja. Além de ser prazeroso (pelo menos para mim tocar sempre é bom), muita gente vê como uma posição de destaque. Você está a frente de todas as pessoas da igreja, em um dos momentos com maior duração no culto (às vezes maior que a própria pregação), com o reconhecimento de muitas pessoas (especialmente quando você toca ou canta bem), e em algumas igrejas você até é chamado de um modo especial: Levita*.

Essa importância dada ao momento de cânticos causa a falsa associação de que louvor é igual à música, e de que esse momento é importante porque é o momento em que as pessoas louvam a Deus. Não que a segunda afirmação esteja errada, mas o perigoso é achar que esse é o único momento em que o louvor acontece. Louvamos à Deus cantando, orando, jejuando, contemplando, pensando... e todo o culto, do começo ao fim, é um momento de louvor.

Então afinal, para que serve o grupo de louvor?

Existem duas ilustrações interessantes para responder essa pergunta.

Teatro Municipal de Ouro Preto
Nos teatros de antigamente, existia uma pequena abertura na frente do palco, onde o diretor dava instruções aos atores sem ser visto pelo público.  Esse compartimento se chamava "ponto".
Se fôssemos comparar o teatro com uma igreja, talvez alguns diriam que as pessoas da equipe de louvor seriam os atores, a igreja seria o público da platéia, e Deus (Espirito Santo) o diretor dando as instruções no ponto.
No entanto, a comparação correta seria dizer que todas as pessoas da igreja são os atores, orientados pela equipe de louvor no ponto, apresentando sua adoração à Deus que está assistindo na platéia, e interagindo livremente com cada um no palco (e no ponto).

Outra ilustração interessante é a do pai da noiva. Diversas vezes a bíblia se refere à igreja como a noiva de Cristo. Pegando o gancho, em um casamento, o pai (equipe de louvor) acompanha a noiva (igreja) até o seu noivo (Cristo). O pai não está lá para apressar a noiva, ou puxá-la à força, mas vai no seu ritmo, segurando-a, dando apoio para que ela não tropece e caia no caminho.

É uma posição de destaque? De fato. Mas muito mais do que isso, é uma posição de serviço. Quando uma pessoa "sobe ao palco" para ministrar um período de louvor, ela têm que entender muito claramente que ela está ali para servir à igreja, para agir como um facilitador,  para ajudar a igreja a adorar à Deus.

Parece algo sutil, mas não é algo fácil de ser feito, e faz toda a diferença. Isso quer dizer que se você fez um solo de guitarra virtuoso "fora de hora", e algumas pessoas pararam de adorar à Deus para ver seu solo, você está errado. Você falhou em facilitar a adoração dessas pessoas. O mesmo vale quando alguém perde o foco e para de cantar por não conseguir acompanhar o vocal, que sempre enfeita demais e sai da melodia principal, ou por causa do baterista  que quebra em contra-tempos em todas as frases, e faz com que todos (inclusive a banda) se percam. Por outro lado, tocar somente músicas de forma totalmente reta e quadrada pode levar à monotonia, e também pode fazer com que as pessoas percam o foco.

O pai deve acompanhar o ritmo dos passos da noiva, não fazer a mais, nem a menos, e com certeza nem sempre é uma tarefa fácil identificar esse ponto de equilíbrio... pensar se uma dissonância no acorde vai embelezar a música sem desviar o foco, se um andamento não está rápido demais para que a igreja consiga acompanhar, se um solo vai intensificar o clima do momento, ou vai desviá-lo... enfim, cada movimento deve ser feito para servir a igreja.

Voltando à frase do início do texto, eu acho ótimo que tenham muitas pessoas que queiram atuar no "momento de louvor", mas quantas realmente buscam estar preparadas para isso e entendem o que isso significa? Para estar na "equipe de louvor", não é preciso ser um músico profissional, experiente, ou ter "x" tempo de igreja, mas é preciso entender qual é o seu papel, e principalmente entender a seriedade que é estar à frente de uma igreja antes de se dizer chamado para atuar nesse ministério.

Que Deus o abençoe,

Renan Alencar de Carvalho


domingo, 23 de janeiro de 2011

Conhecendo sua equipe

Quando se trata de trabalho em equipe, eu creio que um dos fatores mais importantes para o "sucesso" do grupo não está na habilidade individual de cada participante, mas no entrosamento que a equipe tem entre si. Um barco em que cada pessoa rema para um lado diferente não chega a lugar nenhum, não importa quão bom remador seja cada pessoa dentro. O barco anda bem quando todos remam juntos para a mesma direção. Tanto que nas galeras e barcos a remo da antiguidade eram tocados tambores para sincronizar a remada e  fazer com que todos trabalhassem de forma uniforme.

Fazendo um paralelo com a bíblia, o texto de I Co 12:4-11  mostra que a igreja é formada por uma equipe de pessoas com diferentes papéis (dons), e com certeza por pessoas em diferentes níveis de experiência e maturidade, mesmo assim Ef 4:1-6 deixa claro que devem atuar de maneira entrosada, com o mesmo modo de agir e pensar. O versículo 3 fala "Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz".

No entanto, para qualquer um que já participou de uma equipe sabe o quanto esse entrosamento e unidade é difícil de se conseguir, especialmente quando falamos em grupos artísticos. Cada um quer que as coisas sejam do seu jeito, os egos se inflamam com facilidade e as discussões aparecem por coisas muitas vezes banais. Não é por menos que Paulo falou para "fazermos todo o esforço para conservarmos a unidade".

Não quero me aventurar a dar alguma resposta de como solucionar esse problema, mas creio que um dos pontos que ajudam no amadurecimento do grupo seja conhecer sua equipe.

Quando falo em conhecer a equipe vai muito além do que saber o nome de cada um e dar um oi antes do ensaio. Envolve em entender o jeito que cada pessoa "trabalha", seus pontos fortes e fracos, suas dificuldades, seus gostos, seu modo de reagir a cada situação, saber sobre sua maturidade espiritual, sua experiência,  suas motivações, suas influências, suas opiniões etc.

Para isso, não basta apenas ter um tempo de convivência juntos. Muitas pessoas passam anos sem realmente se conhecerem. É necessário ter um tempo de qualidade. É preciso disposição para estar com a pessoa de forma ativa, conversando, orando, ensaiando, treinando, se divertindo às vezes, trocando experiências e idéias, dando feedback dos erros e acertos,  etc.

Não quero dizer que você tenha que ser o melhor amigo de cada pessoa, principalmente falando de grupos grandes, mas você deve nutrir um sentimentos de respeito e confiança com cada um para que o trabalho flua mais naturalmente.

Para você que é líder, um bom caminho para começar seja conhecer as áreas em que o grupo mais enfrenta dificuldades.

Em uma igreja que eu passei, eu utilizei algumas perguntas do livro "O coração do Artista" e fiz um questionário para cada membro de uma equipe de louvor e pedi para responderem sem assinar. Depois somei os resultados e fiz uma estatística das áreas com mais problemas, e a partir disso pude ver quais as áreas que precisavam ser trabalhadas e trazê-las para a discussão do grupo, e ver como cada um reagia àquela questão.

Para os próximos posts, vou tentar trazer algumas questões mais práticas sobre grupos de louvor e adoração. Não sou o dono  da verdade, nas espero contribuir para que seu grupo de louvor caminhe para se tornar cada vez mais uniforme e maduro.

Atenciosamente,

Renan Alencar de Carvalho

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Vivendo com Ética

Outro dia postaram uma frase no Twitter que me chamou muito a atenção:

"O movimento evangéllico é especialista em doutrina, criterioso em moralismo, mas paupérrimo em ética." 
(não me recordo o autor) 

Embora seja uma frase que cause um certo desconforto, não posso negar que tenha muito de verdade. É impressionante a nossa capacidade em não sermos o que dizemos ser, e menos ainda do que cobramos que as outras pessoas sejam.  E se não bastasse uma comparação entre nossas atitudes e nosso discurso, também esquecemos do que somos chamados a ser como cristãos: "Sal da terra e Luz do Mundo" (Mt 5:13-16).

Isso quer dizer que não basta vivermos fechados em nosso mundo (igreja), mas é nossa responsabilidade agirmos ativamente na construção de um mundo melhor, seja aonde estivermos, com quem estivermos e sempre.

Um vídeo que me marcou recentemente sobre essa  necessidade de sermos éticos em todos as nossas atitudes não veio de um pregador cristão, mas do atual presidente do grupo Santander Brasil, no TEDx São Paulo de 2009, que coloco abaixo.


Embora não seja de um autor cristão, gostaria de fechar com a frase de Gandhi que o Fábio Barbosa fechou o seu discurso, e que tem tudo haver com vida cristã:

"Sejamos nós a mudança que queremos ver no mundo."
Gandhi


Espero que você compartilhe comigo essa mesma atitude de vida.


Renan Alencar de Carvalho

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Homenagem a Sérgio Pimenta

Para quem não conhece, Sérgio Pimenta foi um grande compositor cristão no Brasil, e suas músicas estiveram na vanguarda da música cristã de sua época.

Esse vídeo é um pequeno documentário sobre a sua vida.