quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Anime - Meu Último Dia

Já comentei em outros posts sobre minha decepção com a falta de manifestações artísticas cristãs fora da música. A igreja realmente precisa acordar para usar todos os seus dons e talentos para expressar e transmitir os valores da "humanidade" idealizada por Deus para a "humanidade" ainda caída.

Precisamos de mais poetas, pintores, escultores, cineastas, desenhistas, artesãos.... pessoas comprometidas com o reino que reflitam a luz de Cristo através de sua arte!

Navegando por alguns blogs, achei esse anime sobre a crussificação de Cristo, e fiquei feliz por saber que existem pessoas produzindo coisas boas a respeito do evangelho. Que mais e mais vídeos e animações continuem sendo produzidos para honra e glória D'ele.



No amor do mestre,

Renan Alencar de Carvalho

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

As quatro cenas musicais

O texto abaixo foi escrito em 3 partes por Sérgio Pereira (Baixo e Voz) para o portal Cristianismo Criativo. A publicação original pode ser conferida nos links abaixo:


As quatro cenas musicais - parte I

por Sérgio Pereira
Há pelo menos cinco anos tenho refletido sobre os espaços de apresentação e gêneros/estilos da música produzida por artistas evangélicos e entendo que hoje minhas convicções estão calcadas em solo pouco arenoso, devido às décadas de demonstração de atuação destes artistas confirmando tais convicções.
Minha conclusão é que existem quatro tipos de artistas (bandas ou cantores/as) produzindo música junto às igrejas protestantes brasileiras. Essas diferenças que levam a quatro cenas distintas se dão por vários fatores, mas, principalmente por estes: esses artistas não comungam do mesmo gênero/ estilo musical, não freqüentam as mesmas denominações evangélicas - o que leva, consequentemente, a outros discursos e práticas musicais relacionadas à visão que têm sobre a música como arte, comércio e no serviço religioso -, além de também não se apresentarem nos mesmos palcos e eventos. São eles: MPB cristã, Gospel, Adoração e Alternativa.
Mas, de antemão, assumo que minhas conclusões são apenas empíricas neste momento (tomara que a partir deste texto surjam estudos e pesquisas mais completos, firmados em boas referências bibliográficas e documentos, escassos neste momento). Outro dado importante se refere à terminologia empregada. Talvez o único termo difundido pelos artistas de sua própria cena, ou seja, o único tipo de artista que assume a denominação aqui citada seja aquele relacionado à cena gospel. Os demais não utilizam sempre “MPB cristã”, “adoração” ou “alternativa”.
Por isso, lê-se erroneamente em trabalhos acadêmicos ou nas prateleiras das lojas e livrarias que vendem CDs/ DVDs um apanhado geral dos artistas cristãos denominando tudo e todos simploriamente como “gospel”. Ainda, em relação à pesquisa acadêmica, geralmente os futuros mestres e doutores pecam por acharem que fazer parte dos grandes conglomerados fonográficos (gravadoras majors) é uma maneira de apontar a história da música no Brasil feita por evangélicos. Ledo engano; grande parte da produção está na mão dos independentes ou das pequenas gravadoras (e selos).
Foi difícil escolher um título para este texto. No princípio, pensei em chamar de “As quatro músicas”, mas, não eram apenas quatro composições. Depois achei que “Os quatro grupos” cairia bem, porém, me deu idéia de algo estático, fixo ou de “bando”, o que não era meu objetivo. Na sequência, escrevi com convicção “Os quatro movimentos”, entretanto, a idéia de algo em movimentação constante também não era verdade, pois os artistas relacionados não se locomovem de um espaço para o outro tanto assim. Aí encontrei o termo “cena”. Meu fiel companheiro, o dicionário digital Aurélio Século XXI me deu uma boa dica: uma das explicações para o termo cena é “cada uma das unidades de ação duma peça, cuja divisão se faz segundo as entradas ou saídas dos atores”. Era isso...
No próximo texto estarei escrevendo sobre as características principais destas cenas e dando exemplos de seus integrantes.

As quatro cenas musicais – parte II
por Sérgio Pereira
Com base no primeiro texto, desenvolvo aqui alguns comentários sobre aspectos das quatro cenas musicais citadas: MPB Cristã, Gospel, Adoração e Alternativa. Não é o objetivo deste texto levantar nomes à exaustão relacionados às cenas, por dois motivos: em primeiro lugar, por respeito a muitos dos colegas artistas que não querem seus nomes atrelados a algum dos rótulos aqui propostos (peço perdão de antemão aos citados que se sentirem incomodados por entenderem que sua arte está além da chancela aqui utilizada, mas eram necessários alguns nomes como exemplos); em segundo lugar, pelo fato de alguns destes cantores, bandas e compositores, mesmo que em quantidade pequena, transitarem em duas cenas.
Não há espaço neste texto também para caracterizar as cenas de forma mercadológica, mesmo porque todos que gravam CDs e DVDs (e aqui me refiro às quatro cenas) precisam vendê-los, no mínimo para pagar os custos da produção, mesmo os independentes. Há uma grande discussão que pode ser feita a respeito de mercado, arte e cristianismo, mas esta não é nossa proposta neste momento.
Sobre algumas das características das quatro cenas musicais, começo destacando a MPB Cristã, que tem como influências musicais a Bossa Nova, o Tropicalismo, a Canção de Protesto, o Clube da Esquina, a Nova MPB, o Rock Nacional e a tradição dos ritmos brasileiros (ex.: caipira, samba, baião, ijexá). Têm maior aceitação junto às missões (Ex.: Jovens da Verdade, Mocidade para Cristo) e denominações históricas (Ex.: presbiteriana, batista, metodista, congregacional, luterana). Geralmente se apresentam nos cultos destas igrejas e em eventos atrelados a elas fora dos templos. A temática das letras é variada, inclusive com críticas às próprias práticas evangélicas ("Tudo é vaidade") ou sobre os problemas do cotidiano social, político e econômico brasileiro ("Menino"):
TUDO É VAIDADE (João Alexandre)
Vaidade no comprimento da saia, no cumprimento da lei
Vaidade exigindo prosperidade por ser o filho do Rei
Vaidade se achando a igreja da história
Vaidade pentecostal
Vivendo e correndo atrás do vento, tudo é vaidade [...]

MENINO (Carlinhos Veiga e João Inácio)
Menino tá na rua
Nas esquinas, nas calçadas
Sua casa, sua vida,
Seu abrigo e ganha-pão
Seu barato é cheirar cola
Alegria tá na esmola
De dia é vigia
De noite é ladrão
Ê menino onde está seu pai, sua mãe e seus irmãos?
Ê menino onde está sua paz, seu sorriso e canção?
Ê menino onde você vai, por aí, sem direção?
Ê menino onde está sua paz? [...]

Um dos cantores da MPB Cristã, Gerson Borges, explicitou as influências de boa parte desses artistas na música "Discipulado":

Discipulado (Gerson Borges)

Gonzagão ouvia Caymmi
Que inspirou Buarque e Jobim
Os Baianos todos e o time
Dos Mineiros, foi sempre assim
Que se fez a nossa cantiga
A canção do nosso país,
Com Noel e o Samba da antiga,
As Cantoras do Rádio, Elis
Rebanhão misturou de tudo
Som Maior bebeu no Tio Sam
Grupo Elo fez seu estudo
VPC olhou pro amanhã
O Guilherme, o Jorge, o Pimenta,
O Bomilcar, Rehder, João,
Aristeu e uns mais de quarenta
Imitei, não tive opção [...]

Na segunda cena encontramos o termo “gospel”, de longe o mais difundido pela mídia (cristã e não-cristã) e pelos acadêmicos, como se a música feita por evangélicos fosse una. Apesar de serem influenciados e abraçarem diversos gêneros e estilos musicais como o rock (de variadas tendências), o reggae, o rap, o funk (incluindo aquele dos bailes-funk), o axé, o sertanejo universitário e o forró, boa parte de suas letras carrega consigo frases bastante parecidas e repetidas em diversas composições, como em "500 graus" ou "Recomeçar":

500 GRAUS (Cassiane)
[...] Pra fazer enfermidade desaparecer
Pra fazer o inimigo fugir de você
Uma nuvem de vitória está sobre a igreja
A previsão de Deus diz que vai chover [...]
É a promessa de Deus, o fogo vai descer, por esse poder! [...]


RECOMEÇAR (Aline Barros)
[...] Preciso da tua mão,
Vem me levantar,
Faz-me teu servo Senhor,
Me livra do mal.
Quero sentir o teu sangue curar-me.
Agora meu Senhor,
Vem restaurar-me. [...]
No entanto, algumas das majors têm apostado em trabalhos diferenciados, trazendo renovo para a terminologia “gospel”, tanto nas composições e letras como nos arranjos. Como exemplo, Leonardo Gonçalves (que gravou um CD com piano, cordas, percussão, contrabaixo acústico, violão e alaúde, todo cantado em hebraico – Avinu Malkenu) e a Banda Resgate, com letras diferenciadas como "Neófito", do seu CD Ainda não é o último:
NEÓFITO (Zé Bruno – Resgate)
Não há mais nada que me prenda ao que eu não quero mais fazer
Eles confundem ilusão com liberdade
Se dizem "sim" se dizem livres, mas não podem dizer "não"
Fazem de conta que a imitação é de verdade
Tanta teoria pra me embriagar
Ninguém me entende mais eu vou continuar
Comecei por um dia e nunca mais eu vou parar
Fui do inferno ao céu e não quero mais voltar
Não preciso e não vou me explicar
Não há loucura quando os loucos já confundem os normais
Eles comparam o dinheiro com a vida
Se compram sempre, mas, se vendem, nada sobra pra contar
Fazem de conta que opção não escraviza [...]

Boa parte dos artistas gospel são membros de igrejas pentecostais e neopentecostais e os eventos que participam (geralmente em grandes templos, grandes teatros, estádios ou outros locais de grande aglomeração) estão atrelados a estas denominações e às gravadoras evangélicas que possuem rádios, TVs, sites e redes de relacionamento de grande audiência como a MK Music.
Confira no próximo texto a parte final do artigo, em que escrevo sobre as cenas Adoração e Alternativa.

As quatro cenas musicais - parte III
por Sérgio Pereira

Nesta terceira e última parte, pretendo tecer algumas informações a respeito das cenas Adoração e Alternativa. Junto com a música Gospel, a cena de Adoração é uma das que possui maior alcance popular hoje (por isso, muitas vezes se confundem os dois termos), inclusive entre as denominações históricas. Estas também consomem seus produtos e os reproduzem nos momentos de louvor de seus cultos, gerando hoje várias discussões sobre este repertório continuar ou não a ser tocado em suas liturgias, uma vez que algumas destas letras vão contra o que é pregado nos púlpitos de origem histórica, como por exemplo, músicas que dialogam com a teologia da prosperidade, como é o caso da música Rompendo em fé:

ROMPENDO EM FÉ (Ana e Edson Feitosa)
[...] Se diante de mim, não se abrir o mar

Deus vai me fazer andar por sobre as águas
Rompendo em fé,
 minha vida se revestirá do Teu poder

Rompendo em fé,
 com ousadia vou mover o sobrenatural
Vou lutar e vencer, vou plantar e colher,
A cada dia vou viver rompendo em fé.

Fazer parte de uma gravadora era assinar seu nome junto a uma das cenas musicais mais visadas na época: a MPB Cristã se encontrava no selo Vencedores por Cristo e o Gospel na Gospel Records, MK Music, Line Records, Bom Pastor ou Graça Music.
No entanto, algumas igrejas passaram - ainda na década de 1980 - a produzir e a distribuir seus próprios trabalhos musicais de forma independente, com vistas a trabalharem composições para serem cantadas nos cultos evangélicos. Como exemplo temos a Comunidade da Graça, que gravou uma das músicas mais cantadas nos cultos nesta década: Nosso General. No início, chamada de “música de comunidade”, a partir dos anos 1990, tem seu nome alterado para “música de adoração”.

NOSSO GENERAL (Adhemar de Campos)
Pelo Senhor, marchamos sim

O seu exército poderoso é

Sua glória será vista em toda a terra [...]
O nosso general é Cristo

Seguimos os seus passos
Nenhum inimigo nos resistirá [...]

Em 1998, o ministério Diante do Trono, atrelado à Igreja Batista da Lagoinha (Belo Horizonte-MG), lançou seu primeiro disco e o sucesso de vendas deste trabalho alavancou diversos outros artistas e bandas neste estilo no Brasil. Uma das características da cena de Adoração era a distribuição independente de seus produtos. Hoje, vários destes grupos e ministérios entenderam que fazer parte dos conglomerados fonográficos é o melhor caminho para distribuir melhor seus produtos. Sony Music e Som Livre passaram a investir em duas cenas musicais: o Gospel e a Adoração (apesar de chamarem tudo de “Gospel”) e têm alcançado grandes cifras com a venda de CDs e outros produtos relacionados a estes artistas.
Boa parte das músicas da cena Adoração são no estilo rock pop inglês e geralmente suas letras têm a característica de serem escritas em formato “vertical”, ou seja, os compositores escrevem para serem cantadas não na pluralidade como igreja, mas, de forma individual, diretamente para Deus:

SENHOR, TE QUERO (Andy Park)
Eu te busco 
Te procuro, oh Deus
No silêncio Tu estás
Eu te busco, Toda hora espero em Ti, Revela-te a mim 

Conhecer-Te eu quero mais. 

Senhor, Te quero
Quero ouvir Tua voz
Senhor, te quero mais
Quero Tocar-Te
Tua face eu quero ver
Senhor Te quero mais.

Como quarta cena, temos a Música Cristã Alternativa. Predominantemente formada por bandas que atuam em nichos underground como o rock hardcore ou o death metal de bandas como Antidemon. Dificilmente estas bandas se apresentam em cultos (com exceção de denominações como a Caverna de Adulão, de Belo Horizonte e a Crash Church – antiga Zadoque -, de São Paulo) e eventos tradicionais evangélicos devido ao tipo de música, postura no palco, vestimentas e outros adereços pouco comuns aos protestantismos brasileiros convencionais.
No entanto, suas agendas estão carregadas de viagens todos os meses para diversos Estados brasileiros e países do mundo, demonstrando que a cena Alternativa possui muitos consumidores e fãs. São independentes ou ligados a selos relacionados aos nichos. O foco das suas letras é a evangelização e libertação de vícios:
DROGA (Antidemon)
[...] A noite era vazia, 
um tormento sem igual
Visões a me assolar, o diabo a avistar
O futuro era incerto, a droga me trazia

uma tristeza tão profunda, 
a morte eu queria
Droga!
Num lugar ouvi falar, 
que pra mim tinha saída
Só bastava eu aceitar
o perdão pra minha vida
Pois alguém levou na cruz
as tristezas da minha vida
Das drogas me tirou, 
hoje tenho nova vida! 


Vida é Jesus!

APOCALIPSE (Lucio Rodrigues – banda Skymetal)
Apocalipse
Morte, Dor, desespero,

Medo, sofrimento eterno,

Queima como lava no inferno,

É o que satã quer pra você.
Brigas, intrigas, destruição,

Demônios te atormentam,

Ódio, raiva, tentação
É o que satã quer pra você. [...]

Enfim, o intuito deste texto foi mostrar um leque maior do que aquele que geralmente se conhece como música cristã brasileira. Sim, há diversidade e criatividade na música produzida pelos cristãos evangélicos, espalhadas nas quatro cenas musicais. É também meu objetivo despertar outros pesquisadores para estudar de forma minuciosa a arte feita e consumida pelos evangélicos brasileiros, que hoje, mais do que nunca, faz parte da história cultural deste país.
Sérgio Pereira é músico, educador e escritor de materiais didáticos. Mestrando em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Faz parte do duo Baixo e Voz, que neste momento está produzindo seu 5º CD.

Os caminhos da música cristã no Brasil

Texto escrito por Nelson Bomilcar, retirado de seu blog (acesseaqui).


1.   Introdução
Neste pequeno artigo/estudo, queremos fazer uma rápida análise história do uso da música na adoração e evangelização, entendendo um pouco mais de nossas raízes, de nossa herança, e também do que temos visto não só fora, como dentro da realidade no Brasil, além de termos mais alguns elementos para tentarmos tratar e lidar com as questões abaixo:
  • Como podemos avaliar a herança que recebemos dos missionários? O que a história nos ensina e aponta?
  • Como encarar a música produzida no Brasil hoje, tanto na adoração como na evangelização? Estamos abrindo mão do que cremos?
  • Como encarar a cultura no processo criativo? Há limites que devemos respeitar na produção de música considerada cristã?
  • Como lidar com as forças do marketing e de consumo tão presente em nosso meio?
  • O que precisamos resgatar e não abrir mão na música que estamos fazendo?
  • Tudo o que temos visto e ouvido pode ser considerado música cristã?
É fundamental levarmos em conta o propósito da música na adoração e na evangelização. Adquirirmos informações e conhecermos mais do universo da música cristã, trará alguns balizamentos e ampliará nossos caminhos para a música que temos feito nas igrejas ou por músicos e compositores cristãos.
2. A música na adoração, nos primeiros séculos do cristianismo e seu desenvolvimento na reforma protestante.
  •  A música é uma forma legítima de expressão que pode e deve ser usada na adoração. O estudo histórico dos povos da Antiguidade sempre mostra o uso da música como forma de expressão e criatividade do homem.
  • A música foi usada como parte das cerimônias civis e religiosas nas civilizações antigas. A música cantada ou tocada era uma importante manifestação do louvor do povo hebreu.
  • Em 1 Crônicas 15:16-24 temos o registro do trabalho musical e de adoração feita pelos levitas, trabalho sério, profundo e organizado.
  • O Salmo 150 mostra a universalidade da música e das inúmeras possibilidades de uso, considerando as diferentes realidades culturais.
  • O uso terapêutico da música esteve sempre presente (modificou o estado de espírito de Saul, trabalha as emoções)
  • O trabalho dos poetas cristãos eram foram sendo incluídos no repertório da igreja primitiva ( Ef 5.19; Col 3.16)
  • O Novo Testamento mostra a dependência inicial das práticas judaicas.
2.1 Características da música na época da reforma
  • Canto
  • Instrumental
  • Somente homens e meninos
  • Ritmos dependentes dos textos
  • Decreto de Constantino (ano313), Santo Ambrósio séc IV), São Gregório, papa de 590 a 604.
  • Reforma: Lutero (1483-1546), poeta e músico organiza e busca um fortalecimento e depuração doutrinário e a música acompanha esta divisão eclesiástica, buscando suas distinções. A igreja nova procurou restaurar o canto congregacional. “ Castelo Forte” torna-se conhecido como o hino da Reforma.
  • Faz uso de melodias seculares para seus hinos e cânticos, num claro esforço na evangelização e popularizar as doutrinas da Reforma.
  • Calvino se opôs ao uso de instrumentos musicais, cânticos e hinos com divisões e cujas letras não fossem extraídas das Escrituras.
  • Historiadores musicais apontam o fato de que buscar melodias seculares para tornar a música cristã conhecida é um acontecimento familiar na história da igreja.
3.     A música na Igreja no Brasil
Os primeiros cânticos evangélicos soam no Brasil no próprio século de seu descobrimento, o mesmo da Reforma. Vários alemães viajantes como Hans Staden, Heliodoro Fobano e Ulrico Schmidel divulgaram a música de Lutero e de outras cantadas pela igreja calvinista na Baía de Guanabara.
a. Primeiro culto evangélico em 1557
b. Século XVII: início da atividade de adoração e música.
c. Século XVIII: silêncio de manifestações musicais
d. Século XIX: hinos de criação anglo-americana trazidos pelos missionários. Período caracterizado pela organização dos hinários eclesiásticos (1855 a 1932) e depois de consolidação (1932). Período fértil na música.
e. Pouca preocupação com nossa cultura, e quase não houve contextualização.
f. Música Cristã Contemporânea (final da década de 60 e início dos 70). O Jesus Movement aconteceu de roldão em meio a um avivamento, onde Jesus e seus ensinos tinham grande ênfase, em vez da institucionalização das igrejas norte-americanas. O grupo musical Love Song teve grande influência nesta época, junto do ministério da Calvary Chapel, do pastor Chuck Smith.
g. O ministério Maranatha Music teve grande influência, principalmente na missão Vencedores Por Cristo, fundada por Jaime Kemp, onde autores de cantatas e hinos como Kurt Kaiser, Otis Skillings, Ralph Carmichael, Don Wyrtzen (PV) tiveram espaço.
Correndo o risco de esquecer alguém, permito-me a um flash:Vencedores através de suas gravações e ministério evangelístico, veiculou músicas em novos estilos de adoração e evangelização. Outros trabalhos como da Palavra da Vida (Harry Bolback), e de estilos populares tradicionais como Feliciano Amaral e Luís de Carvalho ganhavam espaço também, e as primeiras gravadoras evangélicas aparecem. Grupos como Novo Alvorecer, Mensagem, PAS, Vozes da Verdade, surgem no cenário evangélico.
h. A gravação do disco “De vento em Pôpa”, rompeu definitivamente com as barreiras culturais, trazendo nomes como Aristeu Pires (Brasília), Guilherme Kerr (Campinas), Sérgio Pimenta (Rio), Artur Mendes e Edy Chagas (Bauru), Nelson Bomilcar, Sérgio Leoto e Gerson Ortega (São Paulo), etc.
i. Tivemos também uma influência do Jairinho Gonçalves e Paulo César (PV, Elo e atualmente Logos), do Janires (Rebanhão e MPC) na evangelização e música jovem, coincidindo com o trabalho de David Wilkerson no Brasil na recuperação de toxicômanos e da igreja Cristo Salva do saudoso Tio Cássio, Maurão no trabalho com crianças, Wolô, excelente poeta junto à ABU, Edilson Botelho (Jovens da Verdade), Som Maior, entre os jovens batistas, Grupo Café entre presbiterianos, cada um dentro de seus estilos, trazendo novos ares para a música cristã.
j. O trabalho de Asaph Borba junto a Seara Evangelística no Sul, hoje Comunidade de Porto Alegre, trouxe novo alento na adoração comunitária e influenciou grandemente a igreja no Brasil., tendo como parceiros de visão Adhemar de Campos (Comunidade da Graça) e Gerson Ortega (VPC, Semente e atualmente na Igreja Cristã da Família), Bene Gomes e Alda Célia com o ministério Koinonia desde 88. Destaque para o trabalho brasileiro do MILAD.
k. Vale o registro do trabalho de Jorge Camargo, Jorge Rehder e João Alexandre pelas inúmeras músicas de louvor e de conteúdo evangelístico registrados em cantatas, discos, CDS, fitas e partituras, além do trabalho contextualizado do Josué Rodrigues, Expresso Luz, Carlinhos Veiga e Quarteto Vida junto à Mocidade Para Cristo.
l. Inúmeros cantores, bandas, ministros de louvor e músicos como Kleber Lucas, Ana Paula Valadão (Lagoinha), Carlinhos Félix, Massao Suguihara, Jônatas Liasch (Natinha), Banda Rara, Oficina G-3, Koinonia (Vitória), Carlos Sider (Mensagem), Gladir Cabral, Arlindo Lima (Belém), Daniel Maia, Maurício Caruso, Maurício Domene, Quico Fagundes(Brasília), David Neto, Hilquias Alves, em trabalhos instrumentais, Cia de Jesus, Cântaro, Sal da Terra, Céu na Boca (Brasília), tem influenciado grupos e regiões diversas.
Na área de coros, hinos, partituras, educação e estruturação de trabalhos musicais em igrejas locais e instituições de ensino teológico-musical, tivemos grande influência de João Faustini, Jaci Maraschin, Almir Rosa, Fred e Edward Span, Dick Torrans, Simei Monteiro, Nabor Nunes, Nelson Mathias e Williams Costa Júnior, nas diversas denominações.
Louvamos a Deus pelo sopro do Espírito Santo em nossa nação nestas últimas décadas.  Manifestações de poder, quebrantamento, mais informalidade e autenticidade, maior participação no louvor, edificação, cuidado maior em nossas instituições teológicas de ensino quanto a música, visão profética na adoração, são ganhos e conquistas que não podemos desprezar.
  • Tivemos também de relevante numa história mais recente o que chamo de movimento gospel no Brasil, caracterizado mais com formas musicais diversas(pop, rock, etc), bem diferente do gênero gospel original e da música cristã mais comportada feita até então, objetivando alcançar jovens. Uniu-se a esta ênfase, uma visão e estratégia de marketing para popularizar o gênero na mídia, aproveitando da experiência de homens de publicidade, e de um trabalho que hora surgia, o Renascer em Cristo, o que realmente acabou acontecendo.
  • Brother Simeon, Katsbarnea desenvolvem um trabalho musical de grande influência entre adolescentes e jovens.
4.     O que estamos vendo hoje e o que podemos fazer?
Hoje o que vemos é um leque enorme de opções para a música chamada cristã: o da adoração, o da evangelização, o do entretenimento, atrelada perigosamente ao pano de fundo comercial definitivamente instalado no meio evangélico, o que tem provocado incursões dos artistas e gravadoras seculares cujo objetivo único é explorar no “mercado que representamos”.
Inúmeros cantores, cantoras e grupos tem surgido também em nossas igrejas locais, em função desta realidade.
A mensagem do evangelho tem sido sucateada, colocada em segundo plano,  escondida em letras superficiais e que não ajudam a pessoas a conhecerem mais do Deus das Escrituras Sagradas. Pobreza poética, excesso de preocupação com a imagem, mais do que com a fidelidade à mensagem do evangelho que professamos ou com a integridade dos músicos.
Prova disso são as inúmeras “conversões” a uma mensagem que não contém mais chamada ao arrependimento e a uma entrega total ao Senhorio de Cristo. Uma mensagem açucarada, facilitada, sem preço.
Precisamos buscar a excelência no que se faz, isto é, integridade mais beleza e competência no trabalho musical. Pouco se investe no discipulado responsável de músicos em nossas igrejas locais.
Precisamos de moralização e ética em nosso meio. Necessidade urgente de se respeitar direitos autorais e morais, e buscarmos ter um bom relacionamento com trabalhos e ministérios afins.
Fazermos músicas contextualizadas para nossa realidade urbana brasileira, que dignifiquem a mensagem que cremos e professamos. Precisamos de um culto público com uma linguagem que se identifique mais com as pessoas que queremos alcançar.
Reter o que é bom dos modelos que estamos buscando lá fora. Tivemos o momento de “kenolyzação do louvor” e de outros ministérios, como Hosana Music, Integrity, Vinyeard, todos com interesses não só ministeriais, mas comerciais, junto com suas estruturas que aportaram aqui. Pecamos sempre em absorver o que é massificado pela mídia à exaustão e perdemos outros referenciais.
Temos um caminho aberto e enorme para a música instrumental, já que temos hoje excelentes músicos que tem se levantado nas igrejas. Esta geração tem gerado um número enorme de competentes músicos, que precisam ganhar visão do Reino.
Fortalecimento do trabalho com coros, principalmente para ocuparmos espaços nos centros culturais, para a atuação artística e para a evangelização.
Continuarmos com clínicas, encontros, congressos, que nos levem à reflexão do que temos feito, que nos encorajem à uma vida mais consagrada na obra de Deus, usando a música como instrumento de adoração e evangelização.
Estarmos caminhando junto a associações que buscam um melhor desempenho no ministério da música e um bom testemunho do evangelho que abraçamos.

5.     Conclusão
Que Deus nos leve para uma vida de adoração em oração, comunhão na Palavra, nos bons relacionamentos em nosso meio e num bom testemunho do evangelho. Que naquilo que fazemos para o Senhor, busquemos o melhor para a manifestação da Sua glória, sendo sal e luz do mundo! Que Deus nos ajude.