sexta-feira, 25 de março de 2011

Desenvolvendo uma equipe de louvor

Desenvolvendo uma equipe de louvor
por Andy Park

O texto a seguir é um resumo de um outro artigo maior escrito por Andy Park, intitulado: “A equipe de Louvor: Três Paradigmas.” Onde ele explica formas de se desenvolver uma equipe de louvor.


A IMPORTÂNCIA E PODER DA MÚSICA

Antes de decolarmos esta breve discussão sobre os diferentes elementos de uma equipe de louvor, e como desenvolvermos uma banda com qualidades, eu creio que é importante nos lembrarmos da importância e poder contidos na música.
Uma das razões porque devemos levar a sério nossa música, é que o mundo leva a sua música muito a sério. Estamos rodeados por música de excelente qualidade. Todo lugar onde vamos, ouvimos músicas feitas por profissionais, seja em um restaurante, um elevador, em nosso carro ou sala de televisão. Nós crescemos aprendendo a apreciar uma música bem tocada, e nós tocamos para pessoas que sabem reconhecer uma boa música quando a escutam.
Existe poder na música. Algumas canções têm a capacidade de quase nos transportar para uma realidade diferente, mesmo não sendo uma música Cristã. Porque todos nós temos a capacidade de nos lembrarmos, palavra por palavra, da letra de uma música que ouvimos a vários anos? Quando você acrescenta uma letra Cristã e o Espírito Santo a uma melodia, você está criando um poderoso pacote.
A música pode impactar as pessoas poderosamente, então temos que extrair o máximo disso. Talvez seja por isso que o salmista escreveu: “entoai-lhe novo cântico, tangei com arte e com júbilo” (Salmos 33:3 RA) e por isso, talvez Davi recrutou três líderes e uma equipe de louvor de 288 pessoas, e todos eram “instruídos no canto do SENHOR, todos eles mestres” (I CR 25:1-7). Davi entendeu o poder da música de adoração, quando tocada e cantada com arte.
Pense sobre isto na próxima vez que estiver ensaiando. Como você faria a preparação se fosse para apresentar-se diante do presidente, ou primeiro ministro, ou o rei de uma nação? Certamente você praticaria muito, porque gostaria de que tudo desse certo.
Muito bem, nós preparamos uma recepção para o Rei dos Reis pelo menos uma vez por semana. Nós lideramos reuniões que deveriam trazer honra para Ele e crescimento do Seu Reino em nossas vidas e em nossa comunidade. Nós oferecemos a Ele o melhor de tudo o que temos, incluindo nossa música. A qualidade de nossa música é uma declaração de que: “ Adorar a Deus é importante para nós e por isso vamos trabalhar duro e nos dedicarmos para soar o melhor possível.” Agora vamos voltar ao nosso assunto inicial, estabelecermos uma equipe de louvor de qualidade.

COMEÇANDO DO ZERO

Ninguém nunca me ensinou como liderar o louvor. Basicamente, eu não tinha a mínima idéia do que eu estava fazendo. Eu aprendi baseado em minha própria intuição e com o talento dos músicos que trabalhavam comigo, que me ajudaram a crescer em meu entendimento sobre como fazer arranjos. A necessidade de estar constantemente tentando e errando, transforma uma caminhada que já é lenta para ser percorrida, em algo ainda mais difícil. Gradualmente eu aprendi o básico do que cada instrumento deveria fazer, e uma linguagem correta que acompanha este processo. Através dos anos meus arranjos se tornaram um pouco melhores e mais limpos.
Por outro lado, teria sido ótimo receber algum tipo de treinamento, como os que são disponíveis hoje em dia. Mas eu também reconheço que aprendi fazendo. As vezes quando somos jogados no lado fundo da piscina, nos transformamos em grandes nadadores; certamente isto nos dá uma grande motivação para aprender!
Então não tenha medo de aprender fazendo, mesmo sabendo que os primeiros passos são lentos e assustadores. Você não vai chegar a lugar nenhum, a menos que dê um passo após o outro.

NÃO SINTA-SE INTIMIDADO

Poucos de nós seremos músicos profissionais de alto calibre. Enfrentamos um problema quando nos comparamos com aqueles que tem mais treinamento e habilidade. Resista a tentação de sentir-se desencorajado porque existe uma outra igreja na mesma rua que a sua, que tem uma ótima banda, e você não tem músicos com habilidade equivalente a deles. Seja feliz com o que Deus lhe deu, e com as pessoas que Ele colocou a seu redor no ministério da música. Deus concede dons e talentos de formas diferentes: “o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente.” (I Co 12:7-11)
Nós não podemos mudar nosso passado nem o nível de dons que recebemos, mas se investimos bem todos os talentos que temos, Deus ficará feliz e certamente receberemos uma grande recompensa no céu. Então faça valer seu tempo de ensaio, e utilize-se da melhor forma dos recursos disponíveis a você.
Seja corajoso! Dê passos e assuma o risco, não seja guiado pelo medo de fracassar. Eu poderia encher livros com todos os erros que cometi. Mas uma coisa eu aprendi, que se nunca me aventuro em águas não mapeadas, eu não estou realmente confiando em Deus. Toque com todo seu coração e prepare-se para uma longa caminhada. Então você verá os frutos do seu trabalho.

NÃO DÊ DESCULPAS ESPIRITUAIS
Há alguns anos havia um “slogan” dos Computadores MacIntosh que dizia o seguinte: O fácil é difícil. O que o anúncio queria comunicar era que é difícil fazer algumas coisas complicadas parecerem fáceis. É o mesmo no que diz respeito a liderar a adoração. As pessoas vêem um Eddie Espinosa ou um Randy Butler e pensam: “Eu posso fazer isto também. Não parece ser difícil.” Eles não imaginam a realidade.
Outros pensam que um bom líder de louvor nunca ensaia, mas simplesmente “flui com o Espírito.” A verdade é: Não é difícil responder a direção do Espírito, se você está musicalmente preparado. É fácil sentir-se desencorajado quando a banda não sabe o acorde correto na música ou até mesmo a letra. Se meu trabalho fosse somente “fluir” na adoração, haveriam tantos erros que certamente a banda não conseguiria adorar de coração.

DÊ PEQUENOS PASSOS

Talvez para alguns, elevar a qualidade de seu grupo pode significar simplesmente que você vai fazer uma lista das músicas que serão tocadas, distribuir uma cópia para cada membro da banda, então todos saberão em que direção seguir. Para outros, pode significar que você vai precisar gravar sua banda tocando e observar o envolvimento de cada instrumento, e analisar os sons e padrões de ritmos. Para outros pode significar que os vocalistas devem fazer aulas de canto, ou deverão ter ensaios separados.
Um recurso muito útil, que lhe dará uma idéia básica sobre arranjos em um contexto de equipe de louvor, é o vídeo “Dinâmicas para Equipes de Louvor” com Randy e Terry Butler, que brevemente estará disponível no Brasil através do Vineyard Music Brasil.

AS DIFICULDADES DOS ENSAIOS

Para que um ensaio seja um tempo produtivo, os membros da banda devem ser pontuais e estarem prontos para trabalhar duro. Eles devem ser rápidos ao receberem instruções do líder, contribuírem com novas idéias e então tentarem novamente aquele arranjo até que todos estejam prontos. Este processo envolve muitas repetições de pequenas partes de cada música, até que todos sintam-se preparados.
Não se engane sobre este assunto, um bom ensaio significa trabalho duro. Requer que todos estejam intensamente focalizados nos objetivos e tenham um espírito de cooperação. Todos devem dedicar-se mais quando a coisa começa a dar errado. Também têm que ter paciência quando um dos membros não consegue pegar sua parte, e por isso os outros têm que repassar a mesma parte várias vezes. Isto tudo faz parte de sermos uma equipe.

AUDIÇÃO PARA NOVOS MÚSICOS

Antes de vir para a Vineyard de Anaheim, eu nunca havia organizado uma audição formal para incluir novos músicos ao ministério de louvor. As igrejas nas quais estive sempre eram pequenas o suficiente para que eu pudesse avaliar a habilidade dos músicos de maneira mais informal. Mas a Vineyard de Anaheim é tão grande que eu sabia que haviam músicos escondidos nos bancos. Por isso eu comece com as audições, para que músicos pudessem participar e preencher espaços vagos nas equipes.
No início eu relutei contra a idéia das audições, porque eu sabia que teria de dizer “não” a algumas pessoas. Mas sem as audições eu nunca teria descoberto quem eram os músicos, nem qual era o nível de habilidade deles.
Este pode ser algo delicado na vida de uma igreja, porque um de nossos valores é incluir a todos. Mas se vamos concentrar nossos melhores esforços em facilitar a adoração congregacional, significa que devemos usar os melhore músicos neste processo. (Habilidade musical não é o único critério na escolha dos músicos; um caráter trabalhado por Deus e compromisso com a visão da igreja também é muito importante.)
Uma banda de louvor é diferente de um coral no seguinte sentido: Em um coral há espaço para praticamente todas as pessoas que possam cantar razoavelmente bem. Em uma banda há poucas vagas disponíveis. Organizar bandas múltiplas inclui mais pessoas, porém alguns requisitos básicos de habilidade com o instrumento deveriam ser alcançados por todos. Este padrão pode ser diferente, dependendo do tamanho da igreja e da qualidade dos músicos disponíveis.
Quando acrescento novos membros a minha equipe, eu sempre faço com que eles passem por um período de teste. Meu primeiro passo normalmente é convidá-los para preencher a vaga de alguém que esteja viajando. (Isto pode até substituir o processo de audição). Se tenho quase certeza de que alguém tem o perfil para estar na equipe, eu não faço uma aceitação permanente. Eu explico que eu ou ele teremos a possibilidade de optar pela sua saída depois de três meses. A razão para um desligamento assim, seria incompatibilidade musical ou de personalidade, ou a impossibilidade de cumprir os compromissos da equipe (chegar na hora certa para os ensaios etc...).

O PROBLEMA QUANDO ENFATIZAMOS DEMAIS AS HABILIDADES MUSICAIS

O propósito de tocarmos com arte é elevar o nível da adoração de toda a igreja. Mas para alguns , o desenvolvimento de seus talentos musicais torna-se o alvo final, e não um meio que vai levar a um bem comum.
Eu já cometi o erro de colocar tanta energia no ensaio, que acabei ficando muito ansioso e cansado para estar sensível e poder entender a liderança do Espírito. Em uma ocasião, eu estava liderando o louvor em uma conferência de pastores. Eu ensaiei com a banda as músicas que havia escolhido até sentir que estávamos prontos para fazermos uma boa apresentação. Depois de tocarmos a primeira canção, um pensamento veio a minha mente: “Talvez você deveria fazer algo diferente do que foi planejado.”
Eu não dei atenção o suficiente para aquele pensamento, para entender se era Deus que estava falando comigo, porque eu estava determinado a usar aquelas canções que havíamos ensaiado! Naquele curto momento eu não consegui entender que Deus queria que eu abandonasse meus planos.
Agora eu realmente acredito que era Deus falando comigo, porque os pastores não estavam conseguindo se aprofundar na adoração. Eu creio que se tivesse mudado o curso das coisas, incluído as músicas mais antigas, eles teriam entrado na adoração mais facilmente.

CONCLUSÃO
A primeira e mais importante coisa é que somos líderes de louvor e não artistas. Se Deus estiver dizendo para virarmos à direita, onde tínhamos planejado virar à esquerda, deveríamos ser rápidos em responder suas ordens. Ele sabe muito melhor que nós quais são as melhores músicas para os diferentes momentos do culto.


Andy Park é o Diretor da Escola de adoração da Vineyard. Pastor de adoração e artes da Igreja Vineyard de Anaheim, e também serve como líder de louvor Sênior.

(Traduzido com permissão do V. M. Brasil por Antonio M. Souza Junior)


Vale dizer que Andy Park também é compositor de músicas famosas, como "In The Secret" (Te Busco), gravadas pela Vineyard Music e diversas bandas e cantores.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Banda: fazendo a lição de casa

Por: Renata Sturm

Cheios de boas intenções, mas mal-preparados. Muitos grupos de louvor acabam se dissolvendo em conflitos internos de menor interesse antes mesmo de dar os primeiro frutos. Esta história não precisa ser a do seu (futuro) grupo — isto é, se você fizer a lição de casa. “Os músicos tentam se realizar musicalmente tocando na igreja. Esta conduta é o prenuncio da ruína de uma banda”, diz o produtor e arranjador musical Maurício Abachioni, membro da Igreja Comunidade da Graça. Abachioni sabe o que diz. Mesmo apreciando o grupo de louvor da sua congregação, ele se realiza musicalmente como membro de uma banda que toca músicas típicas européias. Para o produtor, vários conflitos entre os membros de um grupo de louvor podem ser evitados quando cada integrante sabe a sua função. “Uma banda de fundo de garagem só tem que se preocupar com a performance; já a de louvor precisa saber que seu papel é colaborar com a igreja, motivá-la a participar da música”. Fácil de falar, difícil de pôr em prática.

O foco principal dos músicos de uma igreja deve ser sempre a melodia cantada, explica o produtor, pois esse é o canal de participação com o público. “O músico precisa ser humilde e saber que seu papel é acompanhar os membros da igreja”, diz Abachioni.
Outro erro comum que até os músicos mais experiente cometem é querer reproduzir no púlpito as gravações de um CD, com solos virtuosos, passagens dissonantes e longas introduções. Diante disso, Abachioni aconselha o que parece óbvio, mas que muitas bandas de louvor insistem em ignorar: “sempre adapte as músicas ao estilo da sua igreja. O tom cantado pelo intérprete pode ser alto demais para as mulheres ou baixo demais para os homens. A ‘cantabilidade’ é o mais importante”. E o mais difícil: “escolha as músicas certas e deixe de lado suas influências musicais”.

Na prática – Com isso em mente, não são necessários muitos recursos técnicos e instrumentais para obter sucesso. Segundo o produtor, três elementos — harmonia, ritmo e melodia — e dois instrumentos já dão conta do recado. Para a harmonia, use violão ou teclado; para o ritmo, bateria, percussão ou baixo; e para a melodia, voz. Simples assim? “Seria se cada membro do grupo soubesse qual é a sua função e a exercesse bem. Conjuntos pequenos não raro são mais funcionais que os grandes”, afirma.

O ensaio é outra parte importante para que os papéis de cada integrante estejam bem definidos. E nada de ensaios longos demais! O importante é a qualidade. Se a sua banda ainda é novata, faça uma lista de 15 músicas e as pratique até serem capazes de tocá-las de olhos fechados. “Ensaiar diferentes músicas para cada culto é perda de tempo, pois a banda não tocará bem nenhuma delas”, diz Abachioni. Para não perder muito tempo, prepare em casa um mapa de cada música. Nele você poderá indicar tamanho da introdução, voltas, corpo e fim da música. Fazer dois ensaios — um com os vocais e outro com os músicos — também evita que membros da banda fiquem ociosos. O ideal é cada grupo ensaiar separadamente e depois juntos para criar a harmonia. “Abandone suas vaidades, não se preocupe tanto com o seu retorno, escute os outros instrumentos e garanta uma banda bem-sucedida e saudável”. Eis uma boa sugestão.

Renata Sturm é jornalista

Promoção - Ganhe o livro "O Coração do Artista" de Rory Noland

Em comemoração à marca de 1000 acessos ao blog, vou sortear um exemplar do livro "O Coração do Artista: Construindo o caráter do artísta cristão" de Rory Noland. Para participar, basta seguir as instruções abaixo:
  1. Siga o blog
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Atenção***
  • Não serão aceitos comentários feitos antes dessa promoção, ou reproduções dos mesmos.
  • Só serão aceitos os comentários feitos até o dia 30 de abril.
  • Comentários sem conteúdo relevante (como "legal", "Continue assim!" etc) não serão considerados. A idéia é que você contribua com a discussão sobre o texto.
  • Comentários ofensivos serão apagados.
  • Serão aceitos mais de um comentário por pessoa.
A divulgação do(a) ganhador(a) será feita em maio.

Participe, e divulgue essa promoção!

Abraços,

Renan Alencar de Carvalho

domingo, 20 de março de 2011

Na hora do ensaio... um guia prático!

Ensaios fazem parte da vida de qualquer grupo artístico, seja musical, teatro, dança ou outros. Ensaiar garante que todos do grupo estarão preparados para fazer sua parte, e conseguir contornar qualquer problema que apareça no caminho. Mesmos os grupos mais experientes que se apresentam "de primeira" já passaram por muitas horas ensaiando para chegar nesse estágio.


Apesar de fazer parte da vida dos artistas, ensaiar pode não ser um mar de rosas. É a hora que aparecem as discussões, disputas de egos, desentendimentos etc, e algumas vezes são bem stressantes. Para fazer o ensaio ser produtivo e manter a convivência entre cada pessoa "harmoniosa", é preciso que cada integrante tenha responsabilidade, maturidade, respeito e principalmente espirito de trabalho de equipe.
Para ajudar, gostaria de propor um pequeno roteiro com algumas boas práticas para que o seu ensaio seja um momento prazeroso e produtivo. Claro que como músico, algumas coisas são específicas para bandas.


Antes do Ensaio...


Um bom ensaio começa com uma boa organização. Organizar-se e preparar-se antes do ensaio ajuda com que o mesmo flua sem grandes problemas.


- Avise com antecedência o dia, hora e local do ensaio para todos os envolvidos, e peça a confirmação de todos (pelo menos de receber o convite). Nessa hora, a tecnologia pode dar uma ajuda, além dos emails e mensagens, o Google Agenda pode ajudar a organizar os ensaios.


- Reserve o local do ensaio. Se você não tem um espaço exclusivo para ensaiar onde você não tem concorrência, confime o local, e se certifique que não terá surpresas, principalmente se o ensaio for na igreja.


- Envie a lista do que vai ocorrer no ensaio para todos os participantes. Para não perder tempo no ensaio, separe com antecedência quais as músicas que serão ensaiadas, e envie para todos os participantes. Envie também as cifras/partituras (ou os links de sites especializados, como o Cifra Club) e gravações de audio e vídeo. Algumas vezes eu crio uma lista de vídeos no youtube, e mando o link da lista. Dessa forma, já indico a versão da música que será tocada.


- Estude o que será feito no ensaio. Uma das coisas mais desagradaveis é chegar no ensaio e não conseguir tocar uma música porque alguém não se deu ao trabalho de tirar a música antes. Claro que todos tem problemas e compromissos, não estou falando de pessoas que realmente não conseguiram, mas sim das que não fizeram por má vontade. Também é bem desagradável quando alguém fica tentando tirar solos e frases da música na hora do ensaio, principalmente na hora em que os participantes estão discutindo algo.


No Ensaio...


- Chegue no horário marcado. Para quem me conhece, sabe que tenho uma dificuldade com esse quesito, mas já presenciei brigas feias em grupos por causa de pessoas que nunca cumprem o horário. Além de atrapalhar o andamento do ensaio, é uma falta de respeito com as demais pessoas, principalmente com as que chegaram cedo.


- Se prepare para o ensaio. Sempre que possível, chegue com uns 15 minutos de antecedência para se preparar para o ensaio. Monte seu equipamento, alongue-se, relaxe, separe as cifras e partituras e coloque-as em ordem, passe o som, verifique a afinação do seu instrumento (é extremamente desagradável ensaiar com alguém que está com instrumento desafinado) etc.


- Ore. Lembre-se sempre que qualquer atividade na igreja é também uma atividade espiritual, e sendo assim, muitos dos problemas e dificuldades tem origem espiritual. Ore para que Deus esteja no controle de tudo que será feito. É Dele, por Ele e para Ele que são todas as coisas (Romanos 11:36).


- Seja humilde e obedeça ao seu líder. Normalmente existe uma pessoa responsável por trás de todo grupo artístico que, normalmente, é uma pessoa mais experiente, com uma visão mais ampla tanto tecnicamente quanto espiritualmente. Respeite suas instruções e conselhos. Se não concordar com algo, converse com maturidade, mas aceite se a maioria concordar com algo que você é contra (claro que não estou falando em concordar com algo que é contra a palavra de Deus). Lembre-se do texto de Felipenses 2:1-11, humildade é uma marca do cristão, muitas vezes você terá que abrir mão da sua vontade.


- Respeite os momentos de pausas. No momento em que o grupo não estiver tocando, não fique tocando outras músicas, ou fique com conversas paralelas. Além de desviar o foco, torna o ensaio cansativo para as outras pessoas, especialmente quando alguém está tentando falar. Fique atento ao que está acontecendo.


- Respeite o horário de término do ensaio. A vida da maioria das pessoas é corrida, e tem outros compromissos além do ensaio. É muito desagradável ficar 4 horas em um ensaio que deveria durar apenas 1 hora. Programe-se para cumprir todas as músicas no período pré-determinado.

Pesquisando na internet, achei esse texto sobre ensaios: "Fazendo dos Ensaios uma Benção", de Ramon Tessmann. Você pode conferir o texto no link abaixo:


http://www.musicaeadoracao.com.br/artigos/meio/ensaios_bencao.htm

Espero que essas dicas ajudem a fazer com que o ensaio do seu grupo seja mais tranquilo e produtivo.

Um grande abraço

Renan Alencar de Carvalho

quinta-feira, 17 de março de 2011

Mandado de Segurança contra a OMB

No ano passado, algumas igrejas foram autuadas por fiscais da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), exigindo que seus musicistas possuissem a carteira  de habilitação da ordem, multando as igrejas em que seus músicos não tivessem a carteira, e impedindo os mesmos de tocar.

Segundo o texto abaixo, retirado do blog "Point Rhema" (veja aqui), a igreja Bola de Neve conseguiu um mandado de segurança contra a OMB, desobrigando os  músicos de igrejas de serem registrados na OMB.


"DIVULGUEM ESSE TEXTO


Sou a advogada da Igreja Bola de Neve, Taís Amorim de Andrade Piccinini e manifesto-me para informar que no Mandado de Segurança que impetramos foi concedida a segurança e confirmada a sentença em segunda instância, de modo que a Igreja está isenta da penalidade indevidamente aplicada pela OMB, bem como seus músicos (levitas) estão dispensados da apresentação da tal carteira de músico.

Sugiro que esta informação seja repassada ao maior número de Igrejas possível, para subsídio de cada ministério, que poderá se valer de tal decisão para também não ser compelido a promover os cadastros dos músicos e recolher as taxas cobradas pela OMB.

Maiores informações, estou à disposição.



Atenciosamente

Taís Amorim de Andrade Piccinini



Caso sua igreja seja autuada por algum fiscal da OMB, entre em contato com essa advogada.


Mantenho meu comentário que fiz na época em que aconteceu esse caso.


"Para mim, a OMB é um dos maiores absurdos contra a arte e a música.... não fazem absolutamente nada do que deveriam fazer, exceto tentar ganhar mais dinheiro.... Para os que são filiados, nuncam entram em contato para absolutamente nada (saber se os "trabalhos" estão pagando, se estão sendo respeitados etc), exceto se você deixa de pagar a anualidade... para impedir que você toque e ganhe o seu dinheiro (no caso dos músicos profissionais).
Talvez fosse um momento de pensarmos em alguma forma de protesto contra a OMB. É UM ABSURDO IMPEDIREM QUE AS IGREJAS TENHAM ALGUM TIPO MANIFESTAÇÃO RELIGIOSA. TEMOS LIBERDADE LEGAL PARA ISSO."


Fica o alerta.

Um grande abraço,
Renan Alencar de Carvalho

segunda-feira, 14 de março de 2011

Música Instrumental "Gospel"

Historicamente, a música cristã sempre esteve mais associada à música cantada, especialmente ao canto em coral. Os instrumentos e a música instrumental sempre estiveream em segundo plano, e algumas vezes foram até marginalizados. Durante a idade média, era proibido qualquer tipo de instrumento nas igrejas, depois aceitou-se o orgão como acompanhamento, aos poucos outros instrumentos de orquestração (o piano surgiu no séc. XVIII), e ainda hoje diversas igrejas tem barreiras com instrumentos como guitarra, bateria e percussão (os instrumentos mudaram, mas a discussão não muda a mais de 1000 anos).


É natural a valorização do canto na igreja, já que a pregação do evangelho é o pilar mais importante para o culto cristão, no entanto, lamento que a música intrumental quase não seja explorada no meio cristão, que com criatividade e originalidade também pode ser carregada de conteúdo e significado, e contribuir com o momento do culto.


A música, dentre todas as formas de expressão artística, é uma das que causam maior impacto nas pessoas, mesmo que inconsientemente, levando-as a diferentes níveis de estado emocional/psicológico. Ouvir música também evoca diversas memórias que estão associadas a ela. Por isso quando escutamos a melodia de uma música, automaticamente mentalizamos sua letra, seu significado, o contexto da música, experiências pessoais associadas àquela música, etc.


Com criatividade, você pode utilizar a música instrumental em diversos momentos do culto. Abaixo coloquei algumas idéias:


- Prelúdio: Música que abre o culto. Sua principal função é fazer com que as pessoas que estão dispersas se foquem no culto que está começando.


- Poslúdio - Música tocada no término do culto, como uma despedida, sendo um espaço para orações individuais, e amenizando o barulho da movimentação das pessoas e conversas.


- Momentos de oração - para evitar que os ruídos desconcentrem as pessoas em suas orações, uma boa alternativa é utilizar a música instrumental, preferencialmente uma que não tenha letra, para que a memória da letra não atrapalhe nas orações das pessoas. Utilizar temas instrumentais de músicas conhecidas são válidas quando a letra da música está ligada a um momento de oração específico, como por exemplo missões. Nesses casos, vale a pena cantar a música após o momento de oração.


- Acompanhado à pregação - Já fui em algumas igrejas onde era tocado uma música instrumental acompanhando a pregação. O cuidado para fazer isso é que a música não pode desviar a atenção das pessoas do que está sendo pregado. Como disse no começo, a pregação do evangelho é o pilar do culto cristão.


- Fazendo fundo para fotos - É normal passar fotos ou vídeos durante o culto. Para valorizar mais esse momento, pode-se tocar uma música instrumental de fundo.

- Cobrindo espaços vazios ou de movimentação - Dependendo da organização do culto, podem aparecer espaços de silêncio, ou espaços em que esteja acontecendo alguma movimentação. Para evitar que as pessoas percam o foco e se dispersem nesses momentos, vale colocar uma música instrumental.



Dentro dos cultos a música instrumental cristã sempre terá um espaço menor do que a música vocal, no entanto, fora dos cultos existem um universo de possibilidades e oportunidades. A música é uma linguagem universal. Grupos de música instrumental cristã podem tocar em espaços que normalmente estariam fechados para a música gospel comum, como teatros, shopping center, festivais de música instrumental e/ou composições etc. É uma oportunidade única de conversar, testemunhar e pregar para pessoas que normalmente não estariam abertas para ouvir música cristã.`


Eu organizei junto com um amigo meu um evento de música instrumental na igreja em que frequentávamos, o "Marapé & Cia em Acordes". Apesar da falta de visão de algumas pessoas da liderança que não viam sentido no evento, o fato é que os eventos (que aconteciam a cada 2 semanas) tiveram diversos resultados positivos: incentivou diversas pessoas que estavam começando a tocar, formando-as para tocar no louvor, incentivou o início de uma escola de violão na igreja, diversas pessoas não cristãs entraram na igreja, abrindo uma porta para testemunhos, insentivou a comunhão entre outras igrejas etc. 


Sinceramente, desejo que surjam cada vez mais músicos cristãos que se dediquem à boa música instrumental, e que levem essa música para fora das paredes do templo. Que nós possamos ser uma referência de qualidade e bom gosto para  mundo, ao invés de sermos passivos ao que a indústria fonográfica nos empurra como podrão.

Para finalizar, separei uma lista de vídeos de músicas instrumentais cristãs para você ouvir. Claro que como sou guitarrista, a maioria é de violão ou guitarra, mas vale a pena escutar.



Ozielzinho - Sonda-me, Usa-me

Paulo Sérgio - Nosso General

Raphael Braga - Rude Cruz

Liudinho e Quinteto - Vencendo Vem Jesus

Victor Wooten - Amazing Grace

Mestre Robson Miguel - Hino Castelo Forte


Willie Carrero - Via Dolorosa


Josenildo Melo - Grandioso És Tu

João Alexandre - Que Segurança

Marinho Oliveira - Preludio I (Paz com Jesus Cristo)

E dois temas meus:

Renan Alencar - Your Love (Tema expressando o amor de Deus)

Renan Alencar - I'm Blue Today (Uma oração musical de desabafo com Deus)



Um grande abraço,

Renan Alencar de Carvalho

Breve História do Piano

Este texto foi retirado do site "Música Sacra e Adoração" (veja link), e foi originalmente postado no link http://www.terravista.pt/Enseada/3549/historia.htm (fora do ar). O site "Tudo em Piano" possue um texto mais detalhado, que pode ser lido aqui.




Breve História do Piano

Renata Cortez Sica


O Piano é um instrumento musical de cordas percutidas, munido de um teclado e de uma grande caixa de ressonância. O som é produzido pela pressão das teclas que acionam martelos de madeira revestidos de feltro que, por sua vez, fazem percurtir as cordas. É dotado de dois pedais: o direito, quando pressionado, permite que as cordas permaneçam vibrando, mesmo que as teclas deixem de ser tocadas; o esquerdo, também chamado surdina, serve para diminuir o brilho da sonoridade. O primeiro piano foi fabricado pelo italiano Bartolomeu Cristofori.


gravicembalo de Bartolomeo Cristofori (Florença, 1720)
Bartolomeu Cristofori, construtor de cravos de Florença, por volta de 1700 já havia concluído a fabricação de pelo menos um destes instrumentos que chamou de "Gravicembalo col Piano e Forte", isto é , cravo com sons suaves e fortes. Enquanto as cordas do cravo são tangidas por bicos de penas, o piano tem suas cordas percurtidas por martelos (revestidos de couro nos primeiros modelos), cuja dinâmica pode ser variada de acordo com a pressão dos dedos do executante. Isso daria ao piano grande poder de expressão e abriria uma série de possibilidades novas.


No começo o piano custou para se tornar popular porque os primeiros modelos eram muito precários. Haydn aceitou o piano em pé de igualdade com o cravo e o clavicórdio. Durante muito tempo a música para instrumento de teclado continuou a ser impressa com a indicação 'para pianoforte ou cravo', mas, no final do século XVIII o cravo já havia caído em desuso, substituído pelo piano.


Apesar do piano ter sido inventado por um italiano, foram os alemães que, com afinco, levaram a idéia adiante. Dentre estes construtores podemos citar: Silbermann, Zumpe, J. Stein. Os ingleses passaram também a construir pianos, de mecanismo mais pesado e som mais cheio e rico, considerado pai daquele usado atualmente. As melhorias dos pianos ingleses foram devidas ao famoso fabricante John Brodwood. Bradwood foi responsável por grandes transformações no instrumento: em 1783 patenteia os dois pedais, o pedal surdina e o pedal direito. Em 1790, fabrica o primeiro piano com 5 oitavas e meia e, em 1794, cria o de 6 oitavas.


Grande revolução na sensibilidade do toque veio com Erard, que, em 1821, inventou o duplo escapo. Consistia este em deixar o martelo, depois de ferir a nota, a uma pequena distância da corda e mantê-lo sob total controle da tecla, enquanto ela permanecesse abaixada. O toque de notas repetidas tornou-se, então, possível, pois o duplo escapo permite que se toque repetidamente a mesma tecla.


No século XIX o piano passou por diversos melhoramentos. O número de notas foi aumentado, as cordas ficaram mais longas e grossas e os martelos, antes cobertos por couro, passaram a ser revestidos de feltro, melhorando a sonoridade. Os compositores românticos passaram a explorar todos os recursos do piano. Quase todos os compositores românticos escreveram para o piano, mas os mais importantes foram: Schubert, Mendelssohn, Chopin, Schumann, Liszt e Brahms.


As mudança sociais ocorridas no fim do século XVIII para os primeiros anos do século XIX, com o aparecimento da classe média (surgida da expansão do capitalismo), determinou um novo conceito no tamanho das residências, agora menores, em comparação com as casas da nobreza. Esta situação favoreceu à criação do piano vertical, por volta de 1800, cuja principal vantagem era ocupar menos espaço e ser um instrumento mais barato que os pianos horizontais fabricados até então. Logo tornou-se popular e foi um móvel comum na maioria das salas de visitas das casas do século XIX.


Por volta de 1880, as principais etapas na evolução do piano já haviam sido vencidas. Os fabricantes, agora, incorporavam naturalmente em seus instrumentos as idéias e as melhorias introduzidas durante a primeira metade do século XIX e o período que se seguiu foi apenas de aprimoramento e aperfeiçoamento de determinados detalhes.


Bibliografia:


Roy Bennett - Uma Breve História da Música 
Roy Bennett - Instrumentos de Teclado
Mauro Jackson - Site "Afinação de Piano"

História do Violão

Texto retirado do site "Violão Brasil" (veja link)




HISTÓRIA DO VIOLÃO


Sem sombra de dúvidas uma longa história que começou a ser descoberta há quase dois mil anos antes de cristo. Na antiga Babilônia arqueologistas encontraram placas de barro com figuras seminuas tocando instrumentos musicais, muitos deles similares ao violão atual (1900-1800 a.C). Um exame mais detalhado nos mostra que há diferenças significativas no corpo e no braço.
O fundo é chato, portanto sem relação com o alaúde, de fundo côncavo. As cordas são pulsadas pela mão direita, mas o número de cordas não é preciso mas em algumas placas pelo menos duas cordas são visíveis. Indícios de instrumentos similares ao violão foram encontrados em cidades como Assíria, Susa e Luristan.


EGITO: O único instrumento de cordas pulsadas era a HARPA de formato côncavo que depois foi acrescentada de um braço com trastes cuidadosamente marcados e cordas feitas de tripa animal. Pouco tempo depois estas características se combinariam e evoluíram para um instrumento ainda mais próximo do violão.


ROMA: Instrumento totalmente de madeira surge (30 a.C-400 d.C) . O tampo que antes era de couro cru (semelhante ao banjo) agora é de madeira e possui cinco buracos. É importante frisar que nas catacumbas egípcias foram encontradas instrumentos com leves curvas características do violão.


O primeiro instrumento de cordas europeu, de origem medieval data de 300 anos depois de cristo, e possuía um corpo arredondado que se interligava com um braço de comprimento considerável. Este tipo de instrumento foi utilizado por muitos anos e foi o antepassado provavelmente da teorba.


Há também a descrição de outro instrumento datado da Dinastia Carolingian que pode ser de origem tanto alemã como francesa.Este instrumento possuía formato retangular e seu corpo era equivalente ao seu braço.
Em ilustrações pode se observar que na “mão ” do instrumento ( de formato arredondado) se encontravam de quatro e as vezes cinco tarraxas de afinação, com um número de cordas equivalente. Este instrumento manteve seu formato e suas definições até o século quatorze.


Paralelamente á este instrumento, outro começou a se desenvolver. Possuía leves curvas nas laterais do corpo tornando-o mais anatômico e confortável. Descrições deste instrumento foram encontradas em catedrais inglesas, espanholas e francesas datadas do fim do século quatorze. Surgia então a guitarra.


É importante frisar que haviam distinções, como a guitarra Latina e a guitarra Morisca. A guitarra Morisca , como o nome indica, tinha origem Moura, devido a colonização da Espanha e da África do Norte.
Este instrumento possuía um corpo oval e o tampo possuía vários furos ornamentados chamados de Rosetas. Era totalmente remanescente do Alaúde, e dentro deste conceito uma série de outros modelos, com diferentes números de cordas também existiam .


Já a guitarra Latina , tinha as curvas nas laterais do corpo que marcariam o desenho já quase definitivo do instrumento. A guitarra latina ( assim como a Morisca ) gozavam de grande popularidade e gosto na Europa Medieval.


Essa popularidade se devia principalmente a presença dos “Trovadores”, músicos de natureza nômade que com suas performances e constantes viagens enriqueceram a cultura européia e impulsionaram a popularidade e reconhecimento do instrumento.


Até a Idade Média as informações sobre a guitarra eram obtidas de maneira indireta na sua maioria, através de afrescos, pinturas e pequenas anotações da época. A partir do período Barroco, as informações sobre instrumentos em geral e sobre música são muito mais claras e precisas.


Embora não seja bem definida, pois existem segundo musicólogos várias teorias para o sua criação, odiernamente apresentam-se duas, citadas por Emílio Pujol na sua conferência de nome “La guitarra y su História” que ocorreu em Paris no dia 9 de Novembro de 1928, onde resolveu que:


A primeira hipótese é de que o Violão seria derivado da chamada “Khetara grega”, que com o domínio do Império Romano, passou a se chamar “Cítara Romana”, era também denominada de “Fidícula”.


Teria chegado á península Ibérica por volta do século I d.C. com os romanos; este instrumento se assemelhava á “Lira” e, posteriormente foram acontecendo as seguintes transformações: os seus braços dispostos da forma da lira foram se unindo, formando uma caixa de ressonância, a qual foi acrescentado um braço de três cravelhas e três cordas, e a esse braço foram feitas divisões transversais (trastes) para que se pudesse obter de uma mesma corda a ser tocado na posição horizontal, com o que ficam estabelecidas as principais características do Violão.


A segunda hipótese é de que o Violão seria derivado do antigo “Alaúde Árabe” que foi levado para a península Ibérica através das invasões muçulmanas, sob o comando de Tariz.


Os mouros islamizados do Maghreb penetraram na Espanha cerca de ( 711 ) e conseguiram vencer o rei visigodo Rodrigo, na batalha de Guadalete. A conquista da península ( 711-718 ), formou um emirado subordinado ao califado de Bagdá.


O Alaúde Árabe que penetrou na península na época das invasões, foi um instrumento que se adaptou perfeitamente á s atividades culturais da época e, em pouco tempo, fazia parte das atividades da côrte. Acreditava-se que desde o século VIII tanto o instrumento de origem grega como o Alaúde Árabe viveram mutuamente na Espanha.


Isso pode-se comprovar pelas descrições feitas no século XIII, por Afonso, o sábio, rei de Castela e Leão ( 1221-1284 ), que era um trovador e escreveu célebres cantigas através das ilustrações descritas nas cantigas de Santa Maria, que se pode pela primeira vez comprovar que no século XIII existiram dois instrumentos distintos convivendo juntos.


O primeiro era chamado de “Guitarra Moura” e era derivado do Alaúde Árabe. Este instrumento possuía três pares de cordas e era tocado com um plectro (espécie de palheta ); possuía um som ruidoso. O outro era chamado de “Guitarra Latina”, derivado da Khetara Grega.


Ele tinha o formato de oito com incrustações laterais, o fundo era plano e possuía quatro pares de cordas. Era tocado com os dedos e seu som era suave, sendo que o primeiro estava nas mãos de um instrumentista árabe e o segundo, de um instrumentista romano.


Isso mostra claramente as origens bem distintas dos instrumentos, uma árabe e a outra grega; que coexistiram nessa época na Espanha. Observa-se, portanto, como a origem e a evolução do Violão estiveram intimamente ligadas á Espanha e a sua história.


Como este instrumento passou a chamar-se “Violão”? Em outros países de língua não portuguesa o nome do Violão é guitarra, como pode se ver em inglês (Guitar), francês (Guitare), alemão (Gitarre), italiano (Chitarra), espanhol (Guitarra).


Aqui no Brasil especificamente quando se fala em guitarra quer se denominar o instrumento elétrico chamado Guitarra Elétrica. Isso ocorre porque os portugueses possuem um instrumento que se assemelha muito ao Violão e que seria atualmente equivalente á nossa “Viola Caipira”.


A Viola portuguesa possui as mesmas formas e características do Violão, sendo apenas pouco menor, portanto, quando os portugueses se depararam com a guitarra (Espanhol), que era igual a sua viola sendo apenas maior, colocaram o nome do instrumento no aumentativo, ou seja, Viola para Violão.


O VIOLÃO NO BRASIL


A VIOLA, instrumento de dez cordas ou 5 cordas duplas, precursor do violão e popularíssima em Portugal, foi introduzida no Brasil pelos jesuítas portugueses, que a utilizavam na catequese. Já no século XVII, referências são feitas á viola em São Paulo, uma delas colhida por Mário de Andrade: “Em 1688 surge uma certa viola avaliada em dois mil réis, preço enorme para o tempo.


E, caso curioso, esta guitarra pertenceu a um dos mais notáveis bandeirantes do século XVII: Sebastião Paes de Barros.”


Ainda na mesma obra, Mário de Andrade cita Cornélio Pires, para quem a viola é um dos instrumentos que acompanha as danças populares de São Paulo. A confusão entre a viola e violão começa em meados do século XIX, quando a viola é usada com uma afinação própria do violão, isto é, lá, ré, sol, si, mi.


A confusão no uso do termo viola/violão, continua nessa época como atesta Manuel Antônio de Almeida, autor da Memórias de um Sargento de Milícias (1854-55), quando se refere muitas vezes com terminologia da época do final da colônia, á viola em vez de violão ou guitarra sempre que trata de designar o instrumento urbano com o qual se acompanhava as modinhas.


A viola, hoje, tornou-se a viola-caipira, instrumento típico do interior do país, e o violão, depois de ter sua forma atual estabelecida no final do século XIX, tornou-se um instrumento essencialmente urbano no Brasil. O violão também tornou-se o instrumento favorito para o acompanhamento da voz, como no caso das modinhas, e, na música instrumental, juntamente com a flauta e o cavaquinho, formou a base do conjunto do choro.


Por ser usado basicamente na música popular e pelo povo, o violão adquiriu má fama, instrumento de boêmios, presente entre seresteiros, chorões, tornandos-se sinônimo de vagabundagem. Assim o violão foi considerado durante anos.


Os primeiros a cultivar o instrumento de uma maneira séria foram considerados verdadeiros heróis.


O engenheiro Clementino Lisboa foi o primeiro a se apresentar em público tocando violão, especialmente no Clube Mozart, o centro musical da elite carioca fin-de-siècle. Ainda algumas figuras proeminentes da sociedade carioca dedicaram-se ao instrumento na tentativa de reerguê-lo, tal é o caso do desembargador Itabaiana, do escritor Melo Morais e dos professores Ernani Figueiredo e Alfredo Imenes.


Um dos precursores do violão moderno no Brasil foi Joaquim Santos (1873-1935) ou Quincas Laranjeiras, fundador da revista O Violão em 1928, e que nos últimos anos de vida dedicou-se a ensinar o violão pelo método de Tárrega.


Uns anos antes, 1917, Augustin Barrios se apresenta em uma série de recitais no Rio de Janeiro, tocando o instrumento de uma forma nunca vista/ouvida antes. Segue-se a tournée de Josefina Robledo, que tendo permanecido aqui por algum tempo, estabelece os fundamentos da escola de Tárrega.


Dessa época destaca-se a agora reconhecida obra de João Teixeira Guimarães (1883-1947) ou João Pernambuco, sobre quem Villa-Lobos dizia, a respeito de suas obras: “Bach não teria vergonha de assiná-las como suas.”


Atualmente a obra de João Pernambuco é bem conhecida graças ao trabalho de Turíbio Santos e Henrique Pinto.


Aníbal Augusto Sardinha (1915-1955), o Garoto, foi um dos precursores da bossa-nova. Atualmente as excelentes obras de Garoto ganharam vida nova, graças a Paulo Bellinati, que recuperou, editou e gravou boa parte de sua obra.


Mencionamos o samba-exaltação Lamentos do Morro, os choros Tristezas de um violão, Sinal dos Tempos, Jorge do Fusa e Enigma, e a Debussyana, entre tantas outras. Ainda na linha da música popular destacam-se Américo Jacomino (1916-1977), Nicanor Teixeira, e mais recentemente a figura de Egberto Gismonti com suas obras Central Guitare e Variations pour Guitare (1970), ambas de caráter experimental.


Também Paulo Bellinati realiza excelente trabalho como compositor, obras como Jongo, Um Amor de Valsa e Valsa Brilhante já ganharam notoriedade.


O violão no Brasil passou a se desenvolver, principalmente, em dois grandes centros, Rio e São Paulo, de onde vem a maioria dos grandes violonistas brasileiros, que tiveram ou têm sua formação instrumental com os professores destas cidades.


Em São Paulo, o excepcional trabalho desenvolvido pelo violonista uruguaio Isaías Savio (1900-1977), que teve sua formação violonística com Miguel Llobet, resultou em uma das melhores escolas de violonistas da América do Sul.


Depois de residir na Argentina, Savio radicou-se definitivamente no Brasil, primeiro no Rio, depois em São Paulo. Nesta cidade, onde desenvolveu a maior parte do seu trabalho, fundou a Associação Cultural Violonística Brasileira, e em 1947 tornou-se professor de violão do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, como fundador da cadeira de violão, a primeira do país.


Ainda em 1951, participou da fundação da Associação Cultural de Violão de São Paulo. Além desta intensa atividade, Savio se distinguiu pela composição de mais de 100 obras para o instrumento e cerca de 300 transcrições e revisões.


Hoje em dia suas compilações de estudos ainda são usadas em muitas escolas por todo o país.


Entre os discípulos de Savio que mais se destacaram está Antonio Carlos Barbosa-Lima (1944), que aos 13 anos estreou como concertista e aos 14 gravou seu primeiro LP.


Barbosa-Lima é na atualidade um dos mais conceituados violonistas, tanto em concertos, como na edição, transcrição e comissão de novas obras para o instrumento. Basta dizer que a Sonata op. 47 de Alberto Ginastera foi por ele comissionada e a ele dedicada.


Henrique Pinto, também aluno de Savio, é reconhecidamente um dos mais importantes pedagogos do instrumento na atualidade. Além de desenvolver uma grande atividade como editor e revisor de obras para violão, Henrique é o responsável por uma geração dos melhores violonistas brasileiros. Entre estes estão: Angela Muner, Jácomo Bartoloni, Edelton Gloeden, Ewerton Gloeden e Paulo Porto Alegre.


Ainda de São Paulo devemos citar a Manoel São Marcos e sua filha Maria Lívia São Marcos, radicada na Europa, e Pedro Cameron, também compositor de excelentes obras como Repentes, vencedora do 1º Concurso Brasileiro de Composição de Música Erudita para piano ou violão – 1978.


No Rio, destaca-se a figura de Antonio Rebelo (1902-1965), que também foi aluno de Savio quando da residência deste no Rio. Rebelo desenvolveu atividades como docente, impulsionando o violão na cena musical.


Entre seus discípulos estão Jodacil Damasceno, Turíbio Santos, Sérgio e Eduardo Abreu.


Jodacil Damasceno (1929), além dos estudos com Rebelo, estudou com Oscar Cáceres.


Turíbio Santos (1943), também estudou com estes dois mestres e com Julian Bream e Andrés Segóvia. Santos foi o primeiro brasileiro a vencer, em 1965, o Concurso Internacional de Violão da O.R.T.F., em Paris.


Fez a primeira gravação integral dos doze Estudos de Villa-Lobos e participou da estréia mundial do Sexteto Místico, também de Villa-Lobos.


Turíbio é um dos maiores divulgadores da obra do grande compositor brasileiro e hoje dirije o Museu Villa-Lobos no Rio.


Os irmãos Abreu, Sérgio (1948) e Eduardo (1949), desenvolveram uma das mais brilhantes carreiras de concertistas internacionais. Ambos estudaram com seu avô Antonio Rebelo e com Adolfina Raitzin de Távora.


Foram premiados, em 1967, no Concurso Internacional de Violão da O.R.T.F.. Realizaram inúmeras gravações na Inglaterra, e se destacaram como um dos melhores duos de violão de todos os tempos.


Atualmente, Sérgio dedica-se á construção de violões. Ainda devemos mencionar outros violonistas cariocas como Léo Soares, Nicolas Barros, Marcelo Kayath, também premiado em Paris, e o brilhante Duo Assad, formado pelos irmãos Sérgio e Odair.


A música brasileira para violão tem se desenvolvido, praticamente, á sombra da excepcional, embora pequena, obra de Villa-Lobos, que continua sendo a mais conhecida nos meios violonísticos nacionais e internacionais. Alguns compositores tentaram reprisar o sucesso dos 12 estudos.


Este é o caso de Francisco Mignone (1897-1986), que com sua série de 12 Estudos (1970), dedicados e gravados por Barbosa-Lima, não obteve o sucesso musical almejado.


Já o mineiro Carlos Alberto Pinto Fonseca (1943), compôs Seven Brazilian Etudes (1972), também dedicados a Barbosa-Lima, nos quais demonstra um nacionalismo e lirismo da mais pura escola nacionalista.


O compositor paulista Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993), uma das figuras mais proeminentes da música brasileira escreveu pouco, mas bem, para violão. O Ponteio (1944), dedicada e estreada por Abel Carlevaro, a Valsa-Choro e os três pequenos Estudos, apresentam-se com uma linguagem mais livre da influência da obra violonística de Villa-Lobos.


Mais original quanto a sua linguagem musical é a obra de Radamés Gnatalli (1906-1988).


A forte ligação de Gnatalli á música popular brasileira é claramente visível em várias de suas obras que misturam a música urbana carioca a uma refinada técnica e musicalidade.


Das suas obras para violão, destacam-se os vários concertos para violão e suíte Retratos para dois violões, Sonata para violoncelo e violão e a Sonatina para violão e cravo, além da inclusão do violão em várias obras para grupo instrumental de caráter regionalista.


Edino Krieger (1928) compôs uma das mais importantes obras para o repertório dos últimos tempos. A Ritmata (1975), dedicada a Turíbio Santos, explora novos efeitos instrumentais e associa uma linguagem atonal a procedimentos técnicos utilizados por Villa-Lobos.


A obra de Almeida Prado (1943) Livro para seis cordas (1974) apresenta uma concepção musical originalíssima livre de qualquer influência violonística tradicional e que delineia bem o estilo deste compositor; esta obra ainda apresenta certas semelhanças com as Cartas Celestes (1974) para piano quanto á sua concepção sonora.


Marlos Nobre (1939) tem na série Momentos a sua obra mais importante para violão. Escrita a pedido de Turíbio Santos e projetada para 12 números, os primeiros quatro foram escritos entre 1974 e 1982.


Ainda de Nobre destaca-se a Homenagem a Villa-Lobos e Prólogo e Toccata op. 65. Para dois violões, Marlos Nobre recriou 3 Ciclos Nordestinos dos originais para piano, ótimas obras miniaturas que utilizam motivos do folclore nordestino.


Ricardo Tacuchian (1939) escreveu Lúdica I (1981), dedicada a Turíbio Santos, em que apresenta uma linguagem contemporânea com toques de nacionalismo e efeitos sonoros os mais diversos.


A sua Lúdica II (1984), escrita em homenagem a Hans J. Koellreutter, é uma obra mais tradicional quanto á sua concepção sonora. Jorge Antunes (1942) escreveu Sighs (1976), na qual o autos requer uma afinação especial para o segundo movimento, uma invenção em torno da nota si.


Lina Pires de Campos escreveu o excelente Ponteio e Toccatina (1978), obra premiada no 1º Concurso Brasileiro de Composição de Música Erudita para Piano ou Violão – 1978.


Deste mesmo evento surgiram novas obras, como o já mencionado repentes de Pedro Cameron, a Suíte Quadrada de Nestor de Holanda Cavalcanti e o ótima Verdades de Márcio Cortes.


Ainda cabe aqui mecionar a obra do boliviano, radicado e ligado a Curitiba e ao Brasil durante anos, Jaime Zenamon (1953), dono de uma excelente e prolífica produção para o instrumento que tem sido extremamente bem aceita nos meios violonísticos internacionais.


Entre suas obras destacam-se Reflexões 7, Demian, The Black Widow, Iguaçu para violão e orquestra, Reflexões 6 para violoncelo e violão, e a Sonatina Andina para dois violões.


Referências Bibliográficas: A Evolução do Violão na História da Múscica / autor : Eduardo Fleury Nogueira / 1991 / São Paulo. História do Violão / autor: Norton Dudeque / 1958 / Curitiba.