Saindo do normal
Normalmente, quando tocamos violão ou guitarra, temos como padrão a afinação das cordas na disposição colocada abaixo, tendo como o diapasão a nota Lá em 440 Hz.
1 - Mi
2 - Si
3 - Sol
4 - Ré
5 - Lá
6 - Mi
Mas essa não é a única afinação possível, e nem foi a primeira na história do violão. Na renascença, os alaúdes (avós dos violões modernos) tinham uma afinação bem parecida, mas a terceira corda era em Fá#, e o diapasão não era 440 (normalmente os grupos de música antiga afinam entre 410 e 420 Hz).
Outra forma de afinação utilizadas nas violas caipiras brasileiras* e violões de Blues** é a afinação aberta, ou seja, ao se tocar as cordas soltas, você tem um acorde maior (usar acordes menores também dá um efeito bem interessante, mas não é usual).
O uso dessas afinações possibilitam algumas coisas bem interessantes.
A primeira, e talvez mais interessante, é que você sai da zona de conforto. Por ter que re-aprender a fazer os acordes e escalas, saímos dos vícios e caminhos "manjados", e abrimos espaço para o ouvido e a musicalidade, descobrimos novos caminhos, e mesmos acordes comuns que estamos acostumados a tocar soam de forma impressionantemente nova. Não se espante se você compor pelo menos uma música para cada afinação.
Outro ponto interessante das afinações abertas é o uso de notas pedais, ou seja, você pode tocar melodias e frases nas notas mais agudas, e continuar tocando as cordas mais graves formando um "pedal harmônico", muito legal se você está tocando sozinho. Ou ainda, se você inverter o conceito, você pode trabalhar no grave imitando um contra-baixo, sem perder os acordes nas cordas mais agudas.
E por fim, embora não seja muito minha praia, você pode utilizar o slide sem preocupação de não tocar alguma corda. Não é por menos que os blueseiros da "velha guarda" utilizam muito afinações abertas. Vale a pena brincar um pouco para explorar essa musicalidade.
As afinações:
Embora não seja um "especialista", seguem as afinações que eu já utilizei
Em "D" - Por duplicar as quintas, dá um tom bem legal para blues ou rock. É a afinação alternativa que normalmente utilizo.
1 - Ré
2 - Lá
3 - Fá#
4 - Ré
5 - Lá
6 - Ré
Em B - Por tocar a terça do acorde 3 vezes, torna uma afinação bem sutil. Utilizei uma vez para uma música em estilo caipira, mas só tocando os acordes maiores (Tônica, Sub-Dominante e Dominante). Não explorei muito, mas vale tentar.
1 - Ré#
2 - Si
3 - Fá#
4 - Ré#
5 - Si
6 - Ré#
Em G - Por ter muitas músicas de louvor em G, vale a pena utilizar essa afinação. Do que já li sobre afinações abertas, a maioria dos blueseiros usam essa afinação.
1 - Ré
2 - Si
3 - Sol
4 - Ré
5 - Sol
6 - Ré
Exemplos:
Como falei no começo, esse post começou com alguns vídeos que gravei de brincadeira em casa. Colocando dois que fiz com afinação em D, como exemplo.
Te agradeço
O Senhor é a Luz
* As afinações de viola caipira tem nomes próprios para cada tipo, como "Rio Acima", "Rio Abaixo", entre outros. Não conheço o que é cada nome. Para quem souber, ou quiser pesquisar e compartilhar aqui, ficarei feliz em saber!
** Violões de Blues: Os tocadores de blues utilizavam ressonator guitars e dobros. Esses instrumentos possuem uma caixa de ressonância em metal que proporciona um maior volume no instrumento (lembrando que os instrumentos elétricos são recentes). A principal diferença entro o dobro e a ressonate guitar é que o dobro é todo de metal, enquanto a ressonate guitar possue apenas a caixa de ressonancia em metal. Uma forma comum de se tocar esses instrumentos é com eles deitados, utilizando um slide.