sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Alguns conselhos para o músico cristão

Fonte: Arte de Chocar



Alguns conselhos para o músico cristão

Por Antognoni Misael 
A história da música na igreja já passou por diversos estágios até ter se tornado o que de fato é no século XXI. Decerto esta história é bem mais antiga do que pensamos – a saber, que Deus fez uso da música desde o princípio do mundo e até hoje continua se agradando de suas variedades. Uma versão da bíblia, em espanhol, de Casiodoro de Reino, de 1969, apresenta a seguinte redação de Ezequiel 28.13: “Teus tambores e flautas estiveram preparados para ti no dia da Tua criação”.  Não obstante, a primeira citação relacionada a música nas Escrituras acontece com Jubal, filho de Lameque, tido como “o pai de todos os que tocam harpa e flauta" (Gn 4:21); outras passagens relatam sobre Moisés e o povo de Israel quando cantavam (Êx 5.1); Miriã, irmã de Arão e Moisés, que além de cantar e tocar também dançava (Êx 15.20-21); os cânticos de Davi (2Sm 22.1), e a exímia arte de compor canções, do seu filho Salomão (1Rs 4.32); Jesus cantando com seus discípulos (Mt 26.30), e o episódio de Paulo e Silas na prisão louvando ao Senhor (At 16.25).
Certamente na Bíblia não encontramos um livro ou capítulos específicos sobre música, assim como não existe nenhuma contribuição relacionada a técnica, ao sistema tonal, ritmos, harmonizações, técnica vocal, etc. Alegoricamente a Bíblica deixa implícito que há outras fontes de pesquisa, estudo e sistematização adequadas para um preparo correto e coerente para a função do músico na eclésia, visto que a música (como ciência e arte) é uma cultura mutável de acordo com etnias e lugares e seria ilógico deixar para a Igreja um padrão estético pré-moldado – sem falar que a Bíblia não é um fonógrafo.
Decerto, o que aconteceu foi um acompanhamento natural da história da música na igreja com a própria História da Música Ocidental – tratando-se, claro, de ocidente. Não precisamos de longos estudos pra entender que quando o Rock, a Balada e o Pop, (e em menor grau o Blues, Jazz, Samba, Forró, etc.) entraram definitivamente nos repertórios congregacionais das igrejas brasileira na década de 90, só assim o fizeram porque já estavam normalizados na Música do Ocidente. Isto se torna um problema na medida em que não sabemos posicionar nossos conceitos por desconhecer nosso próprio passado, tanto como igreja, quanto como músico.
Atualmente muitos dos que compõem a comissão de frente nos cultos solenes adoram serem chamados de levitas, de serem respeitados, e/ou até vistos como um “canal sagrado” de bênçãos e unções durante as ministrações. Na verdade, o que percebo de perto – como músico “deslevitado” que há 14 anos vive ecoando acordes dentro e fora da igreja - é um certo relaxamento por parte de muitos músicos e líderes envolvidos com a área.
Não há dúvidas de que é importantíssimo na vida de um músico cristão o zelo pela assídua frequência no templo, oração e leitura bíblia. Contudo ainda não é tudo! Ser músico a serviço de Deus é algo que abarca vários detalhes imprescindíveis (principalmente nos dias de hoje onde a música gospel, parece não ter nada do Gospel) para que “verdadeiro adorador” seja um adorador da Verdade.
Fiz algumas observações que considero importantes para os músicos que ministram na igreja:
1) Além de uma vida de adoração, devoção e piedade, busque se aprofundar no estudo musical. Como alguém pode dar o melhor a Deus se não busca aperfeiçoamento técnico? Saiba servir também com um bom instrumento, com belos acordes, ritmo e uma excelente afinação. Isso seria o Básico!
2Leia bastante sobre a história da igreja e sobre história da música para que você se situe no tempo e espaço. Por exemplo, pra se ter uma idéia, foi apenas no século XVI, na Alemanha, que a igreja protestante liderada por Lutero, desenvolveu a tradição de compor hinos populares cantados em alemão na forma coral (substituindo o cantochão medieval em latim). Então após reforma, tal formato de hinos passou por um processo de “canonização” evangélica, repelindo qualquer aceitação de outras canções senão aquelas dos hinários, entendidas como “as músicas inspiradas por Deus”. O curioso é que essa tradição européia chegou até o Brasil através da colonização e resistiu, a grosso modo, incrivelmente até os idos de 1970.
3) Conheça as funções normais da música e desconstrua a ideia de que ela é sinônimo de adoração. Além de arte, Música é linguagem. Na cultura africana ela tinha uma função especifica de comunicação, o toque dos tambores serviam para um aviso ou chamamento; o que da mesma forma ocorre na ordem unida do militarismo em geral. Atualmente ela tem utilidades peculiares como fundo musical, jingle de comerciais, movimentação sonora para shoping, etc. Na igreja ela pode ser utilizada para: louvor, adoração, comunicação do evangelho, confraternização, entretenimento, casamentos, ensino, testemunho. Ou seja, é bom que o músico saiba qualificar cada música na função especifica, de forma oportuna com os momentos de culto.
4) Procure entender como surgiu a verdadeira música estilo Gospel. Com a segregação racial, no início do século XIX algumas igrejas negras (Batista, Metodista, dentre outras) desenvolveram a música Gospel, que foi resultado de uma miscelânea entre as canções de trabalho (worksong’s) entoadas pelos negros escravos, músicas folclóricas, blues and Jazz, decorrendo em características congregacionais com envolvimento alegre e emotivo entre os fieis. No Brasil, por volta dos anos 90, o Gospel surge como uma marca patenteada por um clã específico, e legitimada por vários grupos que notaram o potencial rentável do mercado evangélico. Hoje, ser “Gospel” no Brasil é ser Pop, ser Astro.
5) Procure conhecer muita música cristã para servir a igreja local com um repertório edificanteEscute VPC, Grupo Elo, Logos, Sérgio Pimenta, Bené Gomes, Adhemar, dentre tantos, e observe o que ela traz de diferente do Gospel de hoje. Sendo assim, nunca avalie uma canção pela popularidade dela, mas faça uma análise estrutural: letra, mensagem, melodia, harmonia, ritmo, respaldo bíblico. Para que a análise seja bem sucedida não esqueça de que o conhecimento teológico, crítico-musical precisam estar bem afiados.
Estes pequenos conselhos não são frutos de excesso de conhecimento, mas de uma longa aprendizagem, cheia de acertos, mas também repleta de erros. O que não podemos fazer é desistir de sermos melhores para Deus e para as pessoas. (1Co 10.31)

Como integrar um novo membro ao ministério de louvor



Uma frase que cansei de ouvir de muitos líderes e pastores é a
seguinte:
“…acabei de conhecer um rapaz que toca e canta muuuuiiitttooo, e já
o coloquei na equipe de música da minha igreja, e é uma benção!”
Quando ouço isso, logo me pergunto (quando possível a quem me disse):
É uma benção mesmo? De onde vem tanta certeza? Ele era uma benção na
igreja que antes congregava? E se era, porque ele saiu? E o motivo pelo qual
ele justifica sua saída é verdadeiro, ou é a versão dele?
Sei que posso parecer meio desconfiado demais, porém, depois de
acompanhar muitas frustrações e até mesmo divisões em ministérios
aparentemente fortes, descobri que um “pouco” de cautela não faz mal a
ninguém. Claro que conheci alguns poucos casos que realmente deram certo,
como por exemplo, pessoas que precisaram mudar de igreja por motivo de
distância, pois vieram de outras cidades e não teriam como continuar em suas
igrejas. Mas quero insistir, situações bem pontuais!
Um dia ouvi essa frase do meu pastor Nelson Dall’Oca
“ é sempre melhor esperar um pouco mais prá colocar alguém no grupo, do
que colocar ,e logo em seguida, precisar tirar.”
Portanto, quero compartilhar 4 dicas básicas, que tem nos ajudado muito, no
momento de agregar novos membros a equipe de música:
1ª Dica: Ser batizado
O próprio Jesus como exemplo, começou o seu ministério a partir do batismo.
O batismo é básico e fundamental para quem crê na fé Cristã.
2ª Dica: Pelo menos 6 meses como membro da igreja
Durante esse período, dá pra sentir pelo menos um pouco se a pessoa se
identificou com a igreja e se realmente quer fazer parte dessa comunhão.
3ª Dica: Ter um líder pessoal ou um discipulador
Falar em causa própria é fácil, mas bom mesmo é ter alguém maduro
que possa dar um acompanhamento, aconselhando, orando, cobrindo
espiritualmente e assim, avalizando a sua participação no ministério.
4ª Dica Teste técnico
Faça pelo um teste pra melhor avaliar se realmente tem o mínimo de condições
técnicas para tocar ou cantar.
Lembrem-se; Tudo isso são apenas sugestões que nos ajudaram a minimizar
alguns constrangimentos, que tão de perto nos rodeiam
Deus os abençoe,
Fabiano Cairolli
Ministério Louvai

domingo, 4 de setembro de 2011

Tecnologia a serviço da arte

É incrível o que o avanço tecnológico têm nos permitindo fazer, em especial na questão da arte, e mais especificamente na música.


No começo da indústria fonográfica, para se gravar uma música precisava-se de um aparato caríssimo. Hoje, no entanto, nem se precisa mais de instrumentos. Podemos produzir uma música simplesmente utilizando o nosso telefone celular.


Foi isso que o grupo abaixo fez para gravar uma música de adoração a Deus, simplesmente utilizou seus iPhones.








Até mesmos os instrumentos tem passado por mudanças. A digitalização do som e os novos meios de se tocar proporcionaram novos horizontes de possibilidades. Embora muita gente tenha uma certa barreira com a a digitalização e virtualização da música, não podemos negar que a tecnologia democratizou a produção de arte.

Apenas para exemplificar, estou colocando aqui alguns vídeos de novos tipos de "guitarras".g






Um grande abraço,

Renan Alencar de Carvalho

sábado, 3 de setembro de 2011

Pelo fim da escravidão


No último fim de semana, estive no "Nossa Música Brasileira", evento que reúne diversos cantores e compositores da "MPB Cristã" (leia o post "As quatro cenas musicais"), que acontece no acampamento dos Jovens da Verdade (Araujá, São Paulo).

Durante a apresentação do Gladir Cabral, que gravou o DVD "Casa Grande", ele falou algo que incomodou meu coração: "O número de escravos existentes hoje é maior que o número de escravos que existiam na época da escravidão", e que já existem diversos grupos abolicionistas surgindo ao redor do mundo. Por mais que isso pareça absurdo, basta acompanhar o noticiário para ver essa verdade. Recentemente, a marca de roupa Zara foi acusada de utilizar mão de obra escrava dentro da cidade de São Paulo (leia no blog Coletivo Verde).

O mais triste é que normalmente as pessoas cativas na escravidão são mulheres e crianças, seja para o trabalho, seja para a exploração sexual.

Mas o fato é que existe um tipo de escravidão que está muito mais perto do que imaginamos, inclusive dentro das igrejas: a escravidão de idéias. Os pensamentos, gostos e até atitudes das pessoas tem sido moldados e manipulados por aqueles que detêm o poder, e não aceitam serem questionados ou desafiados. E quantos pastores e líderes religiosos não tem agido dessa forma? Impondo sua vontade a força, agredindo (verbalmente ou moralmente) qualquer um que questione suas práticas, mantendo as pessoas alienadas e sem pensar, continuando assim a se manter no poder.

Como artistas cristãos, sejam músicos, poetas, compositores, pintores, ou qualquer forma de expressão artística, é nossa obrigação denunciar as injustiças desse mundo, e trazer à luz a verdade do evangelho, que é libertação! Não podemos, de forma nenhuma, achar que nossa expressão de adoração à Deus acontece apenas de maneira vertical, entre nós e Deus, transcendendo a realidade a nossa volta. Adorar a Deus é, antes de tudo, amar e cuidar do próximo... principalmente os mais necessitados. Que nossas vozes e nossa arte se una as mensagens das músicas abaixo, para expor as injustiças desse mundo, e fazer com que as pessoas que estão de "olhos fechados" dentro de nossas igrejas acordem para anunciar e proclamar a libertação que há em Cristo Jesus.

Convite à Liberdade

"Oh vinde vós os povos de todas as nações, erguei-vos e cantai com alegria
Fazei no ar soar a vossa melodia que Jesus Cristo traz libertação.
É tempo de esquecer a vil escravidão que em vós exercem homens ou ideias
É tempo de dizer que só Deus pode ser: O único Senhor da humanidade.


    A Verdade vos libertará sereis em Cristo verdadeiramente livres
    Vinde todos sim oh vinde já E celebrai com alegria s vossa libertação


E vós os oprimidos, e vós os explorados e vós os que viveis em agonia
E vós os cegos, coxos, vós cativos sós sabei que em breve vem um novo dia
Um dia de justiça, um dia de verdade, um dia em que haverá na terra paz
Em que será vencida a morte pela vida e a escravidão emfim acabará."





Em Nome da Justiça (João Alexandre)


"
Enquanto a violência acabar com o povão da baixada
E quem sabe tudo disser que não sabe de nada
Enquanto os salários morrerem de velho nas filas
E os homens banirem as leis ao invés de cumpri-las
Enquanto a doença tomar o lugar da saúde
E quem prometeu ser do povo mudar de atitude
Enquanto os bilhetes correrem debaixo da mesa
E a honra dos nobres ceder seu lugar à esperteza.


    Não tem jeito não.


Só com muito amor a gente muda esse país
Só o amor de Deus pra nossa gente ser feliz
Nós os filhos Seus temos que unir as nossas mãos
Em nome da justiça, por obras de justiça
Quem conhece a Deus não pode ouvir e se calar
Tem que ser profeta e sua bandeira levantar
Transformar o mundo é uma questão de compromisso
É muito mais e tudo isso.


Enquanto o domingo ainda for nosso dia sagrado
E em Nome de Deus se deixar os feridos de lado
Enquanto o pecado ainda for tão somente um pecado
Vivido, sentido, embutido, espremido e pensado
Enquanto se canta e se dança de olhos fechados
Tem gente morrendo de fome por todos os lados
O Deus que se canta nem sempre é o Deus que se vive,
não
Pois Deus se revela, se envolve, resolve e revive
Não tem jeito não, não tem jeito não. ( Bis )"





Casa Grande (Gladir Cabral)

"A casa grande é branca e branda como a seda, 
Acolchoada, fina e nobre como a renda, 
Mas aqui fora reina a lei da reprimenda, 
Da palmatória, nossa paga, nossa prenda. 


Doutores, caros, fortes, ricos e senhores 
Que suspirais pelas janelas dos amores, 
Olhai por nós marcados por terríveis dores, 
De vós vêm nossas esperanças e temores. 


    Os nossos corpos sendo mortos pouco a pouco, 
    Os nossos sonhos já desfeitos, todos loucos. 
    Na casa grande há uma cruz numa parede. 


No coração de um negro há uma casa nova 
Sem palmatória, sem corrente obrigatória, 
Sem mais senhores, todos são de todo amigos 
E nas paredes não há cristos esquecidos. 


Nessa fazenda Deus é gente aproximada, 
É tempo inteiro, tarde, noite e madrugada, 
Motiva encontro, comunhão e caminhada, 
Faz liberdade ser bem mais que uma palavra. 


    Os nossos corpos redimidos num momento 
    Bem mais veloz que a luz de todo o pensamento, 
    A nossa casa é muito mais que uma fazenda (1ª) 
    A nossa vida é bem mais que uma fazenda (2ª) "





No amor do mestre,

Renan Alencar de Carvalho