domingo, 27 de julho de 2014

Atos proféticos e transferência de unção

Já se passou algum tempo, e o assunto já gerou muita polêmica nas redes sociais, mas na época em que circulou o vídeo de transferência de unção profética entre gerações com a Ana Paula Valadão, e a infeliz tentativa de defesa do pastor Lucinho sobre o ocorrido, escrevi os comentários abaixo em uma conversa sobre profecia e transferência de unção no contexto da igreja do Novo Testamento, e achei que valia postar por aqui.

"Primeiramente, precisamos entender que nem tudo o que está na Bíblia Hebraica se aplica à igreja neo-testamentária. Não podemos destacar o texto do seu contexto textual, histórico, cultural e em qual aliança entre Deus e o homem foi feita.

Apenas para ilustrar, comumente vemos em igrejas o pessoal lendo Salmo 122:1 se referindo ao templo de local de culto onde estão reunidos como a casa de Deus, o que é algo completamente estranho (pra não dizer herege) à doutrina do novo testamento, onde somos oikos pneumati (I Pe 2:5), ou seja nós somos as pedras que compõe a casa construída por meio do espírito (dativo instrumental de pneuma) chamada igreja.

Quando falamos em unção no Novo Testamento, há somente um ungido; Jesus Cristo. Ele é o protagonista de todo movimento espiritual, todo avivamento e toda capacitação dada à igreja, por meio do Espírito, para a capacitação dos santos para edificar e construir essa casa espiritual chamada igreja. É o Espírito Santo quem capacita, que "unge", e essa capacitação, dentro do contexto neo-testamentário, jamais poderá ser "transferida" por ação humana.

(...)

Vamos lá... profecia!

 De novo, precisamos entender a diferença de conceito entre velho e novo testamento. No velho testamento, profecia era um chamado, onde o profeta era separado para anunciar a "palavra" de Deus ao seu povo.

No novo testamento, a própria Palavra de Deus, o Verbo, o Logos, encarnou. Não se faz mais necessário que ninguém mais intermedie a palavra de Deus ao homem, ela já foi plenamente revelada em Cristo Jesus.
"A Lei e os Profetas profetizaram até João. Desse tempo em diante estão sendo pregadas as boas novas do Reino de Deus, e todos tentam forçar sua entrada nele." Lucas 16:16
Após a plena revelação da palavra de Deus em Cristo, e consumação da obra redentora da cruz, diferente de qualquer pessoa, profeta ou ungido no velho testamento, passamos ter o Espírito Santo habitando em nós, o próprio Senhor da igreja habita em nós, e nos capacita para realizar toda boa obra e edificar sua igreja. Profecia no NT passa a ser um dom, e não um chamado, e como todo dom, tem o contexto de edificar sua igreja a fim de capacitá-la para pregar as Boas Novas.
"Mas quem profetiza o faz para a edificação, encorajamento e consolação dos homens." 1 Coríntios 14:3
Podemos dizer que o profeta no NT não é aquele que faz uma revelação de uma palavra nova, mas o que, movido pelo Espírito Santo, usa da palavra revelada, ou seja, as escrituras sagradas, para edificar, consolar e encorajar a igreja.

Não vejo as 7 voltas em torno de Jericó como um ato profético, mas mesmo que seja, achar que isso se aplica a nós, como igreja, e que temos que marchar em volta de algo como um ato profético que aquela barreira cairá, ou qualquer "extravagancia" semelhante, é não entender o sentido de profecia do NT..... diria que pode ser até pior, é não entender a autoridade da bíblia como a única e completa revelação de Deus.

E esse é que acaba sendo o erro de muitos desses movimentos. Não basta saber o que Deus fez na história, não basta saber que a plena revelação da Verdade foi dada em Cristo Jesus, não basta saber que a bíblia já contempla toda a revelação de Deus à sua igreja, precisamos da revelação bíblica e mais alguma coisa, precisamos da bíblia e mais um mover novo, "extravagante"....

No fundo, no fundo, é uma visão do pós-modernismo dentro da igreja. O modernismo rejeitou toda a tradição, toda a história, e em termos teológicos, toda a revelação bíblica de quem o homem é em relação a ele mesmo e a Deus para reconstruir sua visão de mundo à partir da razão. "Penso, logo existo". Quando a racionalidade falhou, no pós-modernimos passamos a tentar identificar nossa identidade através da sensação, "Sinto, logo existo", e seguindo a evolução, na sociedade atual, já que não conseguimos encontrar nossa identidade em nós mesmos, delegamos aos outros, portanto "Sou percebido, logo existo" (o que é a base de toda a nossa sociedade de hiper consumo). No fundo, como somos educados a pensar de forma "moderna" pela sociedade, e não fomos educados a pensar de forma "cristã" dentro da igreja, rejeitamos uma construção da Verdade que não venha de nós mesmos, e tentamos reconstruí-la através de nossas experiências. Por isso precisamos de novos moveres, de ações proféticas, cair no poder ou ter manifestações extravagantes. Se não sentimos, se não caímos no poder no fim do culto, então não foi verdadeiro, não foi poderoso, não foi ungido!

Agora, o que é o modernismo e o pós-modernismo, se não uma heresia do cristianismo?!

Bom, pra fechar, só quero deixar claro que essa é a minha visão e entendimento que tenho sobre o assunto hoje. Não é minha intenção ofender ninguém."

Balada Gospel

Em uma conversa do facebook sobre a nova moda de balada gospel, escrevi o texto abaixo comentando sobre o assunto e achei que valia à pena postar aqui.

"Por certo aspecto, a questão tem uma certa semelhança com o que foi a proibição do cinema no passado. O cinema era mal visto por ser um lugar de "pegação" assim como a balada é hoje, e para a mentalidade "cristã" tradicional da época, era inconcebível que um cristão frequentasse um lugar desse como um meio de entretenimento, assim como muita gente olha "torto" para as baladas hoje.
Não creio que a fazer algo por entretenimento seja mal por si só. A posição ascetista de que tudo que é carnal, como o prazer e o entretenimento é puramente mal, pode ter aparência de sabedoria, mas ignora parte da palavra de Deus.

No plano original de Deus, ele criou o paraíso na terra, real, físico, e é muito relevante que em apocalipse (Ap. 21:2), a nova Jerusalém desce do céu... não quero discutir escatologia aqui, mas é relevante enxergar que de algum modo Deus quer fazer o Seu reino presente nessa Terra, humana e carnal. O ponto é não se relacionar com o prazer e o entretenimento como fonte e fim, mas entender que eles devem apontar para a fonte dessa alegria. Isso pode parecer apenas definições teóricas, mas muda radicalmente o modo como você se relaciona com as coisas, e acho que aqui que começa a pegar nas baladas gospel..... talvez a grande maioria nem saiba que está presa na "Matrix", quanto mais liberta dela...

O ponto é que nossa cultura atual está presa dentro de uma visão hedonista alto destrutiva. Uma citação que gosto bastante de Pascal em "Diversão e Tédio" diz:
"A única coisa que nos consola de nossas misérias é a diversão. No entanto é a maior de nossas misérias. Porque é ela que nos impede principalmente de pensar em nós e que nos põe a perder insensivelmente. Sem ela ficaríamos entediados, e esse tédio nos levaria a buscar um meio mais sólido de sair dele, mas a diversão nos entretém e nos faz chegar insensivelmente à morte."
A crise de identidade, liberdade e verdade que vivemos hoje é tão grande, e tão enraizada na nossa cultura, que o entretenimento é parte central como válvula de escape. Estamos o tempo todo buscando padrões irreais de vida, status, beleza, liberdade, autonomia financeira, sucesso na carreira profissional, bens caríssimos que definem no caráter, e como obviamente não conseguimos atingir esses padrões irreais que a mídia impõe, partimos para os meios de fuga para esquecermos nossas misérias: a sociedade de híper-consumo, a busca de realização nas sensações, as culturas das drogas, dos vícios, do sexo compulsivo, e da cultura de baladas.

Quando aceitamos a Cristo, deveríamos acordar e sair dessa Matrix, porque o que nos define não são mais esse padrões irreais que aprisionam nossa sociedade, mas o que Deus fez na cruz por mim, e o que eu me tornei por meio de sei sacrifício. Não preciso mais de saltos para fugir da minha falta de identidade em não conseguir atingir os padrões impostos, porque o padrão de Deus foi atingido por Cristo na cruz do Calvário, e eu encontro a minha identidade olhando para Cristo (o final do livro inveja fala sobre isso, pra quem já leu).

Voltando para o ponto da balada, se alguém consciente de tudo isso, que não tem a necessidade de fugir de si mesmo para um momento de felicidade, que não se relaciona com a balado como um salto para o esquecimento de suas misérias, quiser ir para uma balada (ou um cinema, um teatro, uma apresentação musical, ou qualquer meio de entretenimento), para desfrutar de um momento com os amigos; ok, não acho que é um problema. Mas para alguém que está preso nessa cultura, e que nem sabe que está preso, criar apenas um meio de salto (por mais que seja "melhor" que uma balada do mundo, sem bebidas ou pegação), não trata o problema, não liberta a pessoa de si mesmo, e talvez pior, se ficar apenas nisso, pode estar enganando as pessoas fazendo-as acreditar que encontraram a liberdade, estando ainda presas (isso sem falar em outros pontos questionáveis, como o mercado por traz e o lucro disso... para onde vai?).

Mas isso que estou falando não acontece só nas baladas gospel..... está nos shows, nas igrejas, nos eventos, no cultos de adoração... temos nos relacionado com o sagrado como um salto de esquecimento de nossa realidade, ao invés de enxergar que todos os pontos de nossa vida são sagrados.

Se tem uma solução para isso? Não sei... ainda não encontrei uma solução nem pra minha própria vida... ainda sou tão inseguro de mim mesmo e tão fraco quanto o que está na cultura do salto.... e muito, muito menos feliz que eles, com certeza....

Se tornar um pequeno Cristo, um cristão, é resultado da peregrinação de uma vida... espero que no final dessa caminhada esse relacionamento com o Eterno tenha me tornado a sua imagem e semelhança."

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Marinho Oliveira

Hoje faleceu um músico e amigo querido, a quem admirava muito: Marinho Oliveira, e gostaria de registrar aqui a minha singela homenagem.

Em nossa existência finita, nos deparamos com a inevitável dor da morte; com o fim abrupto dos sonhos não realizados, das conversas não faladas, das músicas não compostas e dos momentos que não mais serão vividos. 

Mas fica para trás a memória de quem nós fomos, as vidas das pessoas que tocamos e influenciamos, e o que realizamos. Nossa vida se vai, mas a nossa memória materializada nas vidas das outras pessoas e na obra que produzimos é eterna.

O médico grego Hipócrates sabiamente disse: "Breve é a vida, Longa é a arte".

O marinho deixou um legado de diversas pessoas a quem ele influenciou (inclusive a minha), além de um belo legado musical. Que sua história e sua memória continue viva através de nossas lembranças, e através de sua obra.


"Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios."
Salmos 90:12


Duas de suas músicas:

Paz em Cristo - Prelúdio I




Vazo de Benção




Descanse em paz, Marinho!

domingo, 22 de dezembro de 2013

A harmonia natalina - uma breve reflexão sobre o sentido do natal.


Todo fim de ano, com as comemorações natalinas, vêem as mensagens de amor e paz, e o desejo de que todos os homens possam viver em 'harmonia'. Porém, em tempo de crescente intolerância entre as diferenças de raça, credo, sexualidade etc, as mensagens natalinas de respeito, amor e esperança estão cada vez mais distantes da realidade. Será mesmo possível vivermos em 'harmonia'?


Para pensar sobre isso, vamos voltar um pouco no conceito da palavra 'harmonia'.


Como músico, ao falar de harmonia, já logo penso no sentido musical da palavra, sobre a construção de acordes e a relação entre eles. Mas muito embora a palavra 'harmoníai' comece a ser usada em termos musicais por volta do século IV a.C. (com um significado bem diferente do uso moderno), a origem do termo nasce na carpintaria e na maçonaria (como arte de construir coisas).


Dentro da carpintaria, o termo 'harmoníai' se refere às peças utilizadas para juntar outras, comumente utilizadas nas "quinas", como as dobradiças ou cantoneiras de ferro. A utilização desse termo com esse contexto pode ser observada entre os o séc VIII e VI a.C. nas obras de Homero e Heródoto.

Apenas como ilustração, veja o trecho abaixo da Odisséia, onde Odisseu, como homem experiente em construções (eu eîdòs tektosynáon), reúne as tábuas de madeira (hérmosen) usando pregos e outras harmoníai:


"A todos ele furou, ajustou-as umas às outrase, com cavilhas e ligaduras (άρμονίησιν), martelou-as.Qual homem, experiente construtor,arredonda o  fundo de um vasto cargueiro,de tal largura fez Odisseu a barca".

Utilizando-se desse sentido de "ligação", "amarra", "junta", por vezes a palavra 'harmoníai' é utilizada de modo figurativo para representar um pacto ou um acordo, como no exemplo abaixo das Ilíadas:
"Pois [eles] serão os melhores testemunhos e guardas de nossos laços (άρμονίάων)".

É interessante olharmos que até mesmo a palavra carruagem, άρμα - harma (Strong - G716), parece ter origem na palavra 'harmoníai', se referindo ao eixo de ligação entre as duas rodas.

Ainda seguindo o sentido de "ligação", a palavra Harmonia (agora como nome próprio) também aparece na mitologia com a deusa de mesmo nome. Embora a mitologia grega não seja muito precisa, e por vezes Harmonia seja confundida com a própria Afrodite (deusa do amor), de acordo com a Teogonia de Hesíodo, filha de Afrodite com Ares (deus da guerra), Harmonia incorpora o princípio de "união", em oposição a seus irmãos, Phóbos e Deîmos, que representam desordem e separação (ou pânico). É vinculado à Harmonia (também chamada de Philía, a artesã das coisas vivas e suas partes) a ligação dos quatro elementos (terra, fogo, água e ar) que unidos geram a vida dos mortais.


Com o caminhar do tempo, os escritores e pensadores começam a questionar as histórias da mitologia, mas não negaram que existe algo de divino que dá sentido à ordem do mundo, uma 'harmoníai' capaz de ligar todas as coisas. Podemos ver isso na citação de Agamêmnon de Ésquilo, quando faz a enigmática evocação:

"Zeus, quem quer que seja, se assim agrada-lhe ser chamado, assim evoco-o".
Em Heráclito:
"Uma coisa, a única verdadeiramente sábia, consente e não consente ser chamado pelo nome Zeus".

Ou mesmo séculos mais tarde, quando Paulo de Tarso, principal responsável pela propagação do cristianismo, pregando em Atenas se depara com um altar ao "Deus Desconhecido", revelando que os gregos não conseguiam explicar por sua mitologia tudo o que observavam no mundo:
"pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio." Atos 17:23
Voltando ao contexto da palavra 'harmoníai', o filósofo Heráclito parece ter sido o primeiro a separar o conceito da deusa Harmonia de sua personificação como divindade. Em seu pensamento, Heráclito separa a harmonia em dois tipos: a aparente e a não-aparente (fragmento 54 D.-K.). Essa última, mais forte que a primeira, é associada à "harmonia reciprocamente tensa" do fragmento 51 D.-K.:

"harmonía reciprocamente tensa, como a do arco e da lira".
Paula Corrêa (pág. 27), cita o trabalho de Kirk (1954: 223-24) parar explicar o conceito da harmonia reciprocamente tensa como "conexões não aparentes que, envolvendo tensão, subjazem os contrários unindo todas as coisas". Ainda segundo o texto de Paula, em relação ao fragmento 51 D.-K., a harmonia não-aparente do texto "seria o meio de ligação comum ao arco e à lira, que é palíntonos (agem em ambas as direções sob forças opostas), assim ela reúne os contrários que são unidos".

Nesse ponto eu gostaria de sair da análise semântica da palavra para começar a aplicação do seu conceito e responder à pergunta inicial do texto. Para isso, peço licença para expressar a minha cosmovisão para responder sobre o assunto.


O fato é que nossa tendência natural como humanos, que é egoísta por natureza, é chocar-se em tensão. Na "fogueira das vaidades" das opiniões e pensamentos que temos, tentamos sobrepor o nosso querer sobre os outros contrários a nós, prevalecendo assim o que tiver mais força. Citando a Teogonia, os princípios que regem nossa humanidade está mais para Phóbos e Deîmos (e seus daímons), do que para a Harmonia.


Apesar de toda a razão, toda a filosofia, toda a ciência e todo o desenvolvimento que experimentamos na história da humanidade, o homem não foi capaz de encontrar essa harmonia  por si só, e continuamos trilhando o caminho do ódio e da separação.

No entanto, gostaria de utilizar a interpretação de Krans (1959) sobre a harmonia de Heráclito para dar uma boa notícia a respeito dessa tensão. Krans interpreta a harmonia não aparente, capaz de subjazer os contrários, como Logos, termo corrente entre os gregos que se refere ao princípio criador e mantenedor do universo em ordem e beleza. O termo e o conceito de logos, traduzido como verbo, é utilizado em um texto bíblico muito famoso, que se encontra no capítulo 1 do evangelho do apóstolo João:


"No princípio era aquele que é a Palavra (Logos). Ele estava com Deus, e era Deus.Ela estava com Deus no princípio.Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito.Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens." João 1:1-4
João, que escreve seu evangelho para os gentios (gregos), ao citar que Jesus era o logos (como se pode ler no decorrer do evangelho), deixa claro para o leitor que a harmonia não aparente de Heráclito, a força capaz de vencer os domínios de Phóbos e Deîmos, e de sobrepor aos contrários afim de tornar o que era desarmonioso em algo novo e belo (como a nota musical produzida pela tensão entre o arco e a corda), o princípio divino de união encarnou como homem, e de uma vez por todas reconciliou-os consigo.

Cristo é a única harmonia capaz de transpor a barreira dos contrários do pecado e religar o homem com Deus, e consequentemente, entre si. Gosto muito da carta que o Apóstolo Paulo envia aos Colossenses, onde ele reafirma Cristo como o Logos (harmonia) do mundo:
"Pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele.Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste.Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia.Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude,e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz." Colossenses 1:16-20

Essa é a "boa nova" (ou evangelho) anunciado no Natal. O natal, ou nascimento, se refere à vinda do filho de Deus ao mundo:
"Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele." João 3:16-17
Deus estabeleceu a paz, a harmonia entre os homens através do sangue de seu filho unigênito derramando na cruz do calvário, e essa harmonia, essa "paz que excede todo o entendimento" está apenas a uma oração distância.
"Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo." Romanos 10:9
Com isso, gostaria de me dirigir a você que leu esse texto, independente de viver em um contexto cristão ou não, e gostaria de convidá-lo a aproveitar as comemorações do fim de ano, em que comumente utilizamos para estar com os amigos e família, para parar, ainda que por alguns minutos, e refletisse sobre você e sua vida. Essa paz, essa harmonia proposta pelo cristianismo não é apenas uma reflexão teórica, ou dogma religioso, ele é real e ocorre de modo prático na vida dos que creem.  Cristianismo não é uma mera religião formal, mas um caminho de vida. 

Se você quiser experimentar isso, de fato, eu me coloco à disposição para que possamos caminhar juntos aprendendo sobre aquele que é a luz para guiar os nossos passos.

Esse é meu desejo para você nesse fim de ano, para o ano de 2014, e para o resto de nossas vidas.

Deus abençoe a cada um.

Um feliz natal, e um ano novo.

No amor do Mestre,

Renan Alencar de Carvalho


Bibliografia:

Harmonia: Mito e Música na Grécia Antiga - Corrêa, Paula - Ed. Humanitas: 2008.
Heraclitus: The Cosmic Fragments - Kirk, G. S. - Cambridge: 1954.
Die Fragmente der Vorsocratiker - Diels, H.; Kranz W. - Berlin: 1959.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Teologia da Adoração

Olá a todos,

Como tinha postado no começo do ano no texto "Perspectivas para 2013", a expectativa era escrever ao longo de 2013 uma série textos formando um "mini-curso" sobre louvor e adoração (ainda que superficialmente), abordando os diversos assuntos que se relacionam com esse tema de forma estruturada, e indicando materiais de estudo (livros, cursos, vídeos etc) para quem quiser se aprofundar em cada tema.

Porém, para escrever um material consistente e com bases sólidas, durante esse ano busquei me preparar de forma mais profunda para essa empreitada (processo que ainda está em andamento). Embora quase não tenha conseguido escrever no blog, posso dizer que esse ano foi bem produtivo, e pude crescer bastante.

A expectativa de escrever esse mini-curso continua sendo a mesma porém, ao longo do ano, fui me deparando com diversos materiais de excelente qualidade já prontos e disponíveis na web. Um desses materiais foi o curso de "Teologia da Adoração" que foi dado na Igreja Batista da Borda do Campo (São Bernado do Campo/SP) pelo professor esp. Átila da Silva (Gallego Parra Calicchio).

O curso está disponível integralmente no site da igreja (http://borda.org.br/), e conta com as gravações do áudio das aulas, apresentações e apostilas de apoio. O material é extremamente profundo, visitando os textos originais em grego/hebraico/aramaico, trazendo à luz da palavra (dentro do seu contexto) diversas verdades bíblicas que comumente não são colocadas em prática pelas pessoas envolvidas com as áreas de louvor e adoração, e as equipes de cânticos das igrejas locais.

Com toda certeza é um material muito mais valioso e completo do que eu conseguiria produzir, e gostaria de convidá-lo a mergulhar de cabeça nele. Esse é um daqueles tipos de cursos que você deve deixar guardado pelo resto da vida (e do seu ministério), revisitando e refletindo sempre nele.

Para facilitar, deixei o link separado de cada aula do curso:

- Aula 01 (18/08/2013)
http://borda.org.br/teologia-da-adoracao-1/

- Aula 02 (25/08/2013)
http://borda.org.br/teologia-da-adoracao-2/

- Aula 03 (08/09/2013)
http://borda.org.br/teologia-da-adoracao-3/

- Aula 04 (15/09/2013)
http://borda.org.br/teologia-da-adoracao-4/

- Aula 05 (22/09/2013)
http://borda.org.br/teologia-da-adoracao-5/

- Aula 06 (29/09/2013)
http://borda.org.br/teologia-da-adoracao-6/

- Aula 07 (13/10/2013)
http://borda.org.br/teologia-da-adoracao-7/

- Aula 08 (20/10/2013)
http://borda.org.br/teologia-da-adoracao-8/

- Aula 09 (27/10/2013)
http://borda.org.br/teologia-da-adoracao-9/

- Aula 10 (10/11/2013)
http://borda.org.br/teologia-da-adoracao-10/

- Aula 11 (17/11/2013)
http://borda.org.br/teologia-da-adoracao-11-2/


Desse modo a maioria dos itens propostos no tema "Adoração Bíblica" (no texto mencionado do início de 2013) ficam apresentadas ao longo desse curso. Ao longo de 2014 espero continuar estudando, e dessa vez, escrevendo mais.

Abraços a todos,

Renan Alencar de Carvalho

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Análise - "Constelação, Malabarista e Globo de Neve" e "De Vento em Popa"

Para quem está mais próximo de mim, sabe que no momento estou fazendo um curso de 2 anos para formação de "ministros" de louvor no Instituto Adoração & Adoradores. Como trabalho da matéria de "História da Música Cristã Contemporânea Brasileira", escrevi o texto abaixo fazendo uma conexão entre os textos "Constelação, Malabarista e Globo de Neve" de Marcos Almeida (Palavra Antiga) e o texto "De Vento em Popa" de Gladir Cabral.


"Parte do que nos faz à imagem e semelhança de Deus é a capacidade criativa que nos foi dada. E assim foi feito porque Deus deu a toda humanidade a incumbência de produzir cultura, em todos os seus aspectos. Mas desde o Gênesis, após a queda, parece haver certo distanciamento no diálogo entre a cultura produzida pelos que não temem a Deus (que comumente referenciamos como "o mundo") com os que o adoram. A música, por exemplo, aparece pela primeira vez com Jubal, da linhagem (caída) de Caim, logo no começo da narrativa de Gênesis. No entanto as primeiras referências de seu uso no contexto de expressão de relacionamento com Deus se dá somente muito tempo depois.

Nos nossos dias não tem sido diferente. No contexto geral, vivemos à margem da cultura de nosso país, no nosso gueto "gospel", com nossas próprias músicas, linguagens, costumes, pensamentos e "trejeitos". E como toda cultura de gueto, quando só olhamos para nós mesmos, sem um contraponto para julgamento, não crescemos. 

Sejamos sinceros, nossa subcultura tem sido um tanto quanto medíocre. No geral, temos sido alienados às questões político-sociais, oferecemos poucas respostas aos problemas existenciais da vida além de velhos jargões "crentes", pouco conversamos com a ciência e a nossa arte tem tido muito pouco para oferecer em termos estéticos e de conteúdo.  Como Frank Shaeffer cita em seu livro "Viciados em Mediocridade" em relação à visão do grande público sabre arte cristã audiovisual de hoje:
"Sempre que os cristãos (...) tentaram alcançar o mundo através da mídia - TV, filmes, propaganda etc - o público que pensa tem a ideia de que, assim como a sopa de um restaurante ruim, o cérebro dos cristãos ficaria melhor se não fosse mexido."
O pior nesse cenário é que além de não acrescentarmos muito na forma e na beleza, não oferecemos nada muito diferente do que "o mundo" oferece em seu conteúdo. Desde que o homem se tornou o centro e o fim (homocentrismo), vivemos em um gradual processo de "desencantamento e perda de sentido" do mundo (como coloca Weber, pai da sociologia). À exemplo de Narciso, na mitologia grega, a partir do momento que passamos a contemplar a nossa própria face, começamos a definhar até a morte. 

Como previsto por Pascal, a saída que "o mundo" criou para essa crise existencial foi o salto (irracional) para o prazer e o entretenimento, como forma de anestesiar os efeitos desse desencantamento. A sociedade do hiperconsumo, a ênfase de felicidade no hedonismo, a cultura da sensação etc. Infelizmente, ao invés de apontar uma forma diferente de "superar" essa crise, nossa subcultura "gospel" tem sido apenas uma forma diferente de salto. 

Devido à nossa aparente incapacidade de conectar a nossa vida diária com a nossa vida eclesiástica ("família estendida" e "família nuclear", respectivamente, na linguagem adotada por Marcos Almeida em seu texto "Constelação, Malabarista e Globo de Neve"), vivemos no mesmo universo de percepção do não cristão, nos domingos damos nosso salto irracional para um momento centrado em nossa busca de nós mesmos para nos sentirmos bem, fugindo da realidade, e na segunda voltamos ao nosso universo desconectado de sentido.

Marcos colocou de forma muito inteligente essa tensão irracional presente na música gospel ao colocar que o gospel é "um jovem malabarista mantendo no ar algumas bolinhas de pesos diferentes, uma delas é a religião, outra o entretenimento". Ainda segundo Marcos, o movimento seguinte, o de louvor e adoração, tentou extinguir a figura do entretenimento, mas "fora do ambiente de adoração não faz tanto sentido, ele é música experiência". A meu ver, o movimento de louvor e adoração dos anos 2000 (principalmente o "extravagante") também não respondeu a esse salto entre "família nuclear" e "família estendida", ao contrário mergulhou de cabeça nele.

A tentativa de Marcos, e de outros dessa nova geração que ele chama de "música brasileira de raiz cristã", de não fazer o salto da vida cotidiana, mas redimi-la, interagindo com a cultura em que vivemos e resgatando-a para a visão de mundo transformadora do evangelho, na verdade, não é nova. Na década de 70, artistas cristãos buscavam o mesmo objetivo, interagindo com a cultura brasileira.

Dessa geração musical, o trabalho que melhor consolida essa essência de diálogo com a cultura brasileira foi o disco "De Vento em Popa", do grupo "Vencedores por Cristo" (1977). Conforme Gladir Cabral escreve em seu texto de mesmo nome do disco, alguns fatores contribuíram para fazer que esse LP se tornasse um marco antológico na história da música cristã contemporânea brasileira. O primeiro foi o diálogo estético com a cultura brasileira. Embora a incorporação dos ritmos da música popular brasileira daquele tempo e contexto não tenha sido algo completamente inédito, ainda era uma quebra dos padrões da "família nuclear" daquela época, ainda mais pelos arranjos musicais. O segundo ponto de destaque foi a linguagem e construção de pensamento utilizados, contextualizados com a linguagem de sua época. 

Esses elementos, aliados aos temas das letras do disco, deram um forte apelo evangelístico ao disco, não como a de alguns pregadores de praça pública, que tentam impor uma mensagem em uma linguagem estranha às pessoas (e ainda acham ruim quando poucas pessoas param ouvi-los),  mas sim como alguém do mesmo contexto que chama para uma conversa pessoal e sincera.

Com o advento dos movimentos do gospel e do louvor e adoração, esse lampejo lançado por VPC e seus contemporâneos foi atropelado pelo mercado em massa dos novos movimentos (em especial, o gospel), mas não perdida. Seguindo pelo underground independente, muitos nomes seguiram por esse caminho, e vem ganhando força e somando pessoas nesses últimos anos. Apenas como ilustração, podemos falar de nomes como o próprio Gladir Cabral, Carlinhas Veiga, Silvestre Kuhlmann, Arlindo Lima, Tiago Vianna, Roberto Diamanso entre muitos outros, além dos diversos eventos e saraus que vem ocorrendo pelo Brasil, como o "Som do Céu", "Nossa Música Brasileira", "Sarau da Comuna" etc.

A retomada desse caminho pela nova geração de nomes como o "Palavra Antiga", "Crombie", a capixaba "Aline Pignaton", entre outros dessa "constelação", lança um novo horizonte para a música e para a cultura, "cristã" brasileira. Seguindo "a escola de Rembrandt", que possamos olhar para o mundo e nossa cultura, para o cotidiano da vida, e resgatá-los, mostrar que existe ligação entre a família nuclear e a família estendida, que o Deus do evangelho se revela no ordinário do cotidiano, sem a necessidade de saltarmos entre as duas percepções de realidades. Que possamos realizar o mandado cultural de Gênesis, debaixo do plano original de Deus, que é se relacionando com ele."



Referências

 - "Constelação, Malabarista e Globo de Neve" - Almeida, Marcos - Blog Nossa Brasilidade http://nossabrasilidade.com.br/constelacao-malabarista-e-globo-de-neve/

 - "De Vento em Popa" - Cabral, Gladir - Portal Cristianismo Criativo http://www.cristianismocriativo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=540

 - "Viciados em Mediocridade" - Shaeffer, Frank  - Editora W4

 - Diversão e Tédio - Pascal, Blaise - Editora WMF Martins Fontes

 - "A Música Cristã no Mundo Desencantado" - Carvalho, Guilherme - "Nossa Música Brasileira" - 2011

 - "Por que valorizar o músico cristão de qualidade? O artista cristão e a espiritualidade contemporânea" - Carvalho, Guilherme

Parte 1 - http://www.youtube.com/watch?v=bL6lal02-rE
Parte 2 - http://www.youtube.com/watch?v=Snu_JLYiiLM


Espero que gostem.

No amor do mestre,

Renan Alencar de Carvalho

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Adoração, um ato de relacionamento com Deus

Hoje muito se fala sobre adoração, sobre ser adorador, sobre levitas, sobre consagração, sobre música que podemos ou não tocar e cantar ou mesmo ouvir como cristãos.... e a verdade é que no meio dessa confusão de pensamentos, poucos procuram saber o que a bíblia realmente fala sobre o que é adoração e como ela deve ser

Antes de pensarmos em "adorar à Deus", precisamos entender o que é adoração e o que isso significa de modo prático na nossa vida, especialmente nos nossos dias, onde a visão teológica das músicas e grupos musicais está se tornando cada vez mais homocêntrica.

Na introdução da apostila de Teologia da Adoração, do Seminário Batista do Litoral Paulista, o professor Átila da Silva nos chama a atenção para esse questionamento e entendimento sobre nossa adoração:

"O que poderia desviar a atenção do Senhor Deus Todo Poderoso das miríades de anjos a prestar-LHE adoração e louvor continuamente? O que poderia 'competir' com a perfeição e pureza dessa adoração diante da presença do Criador de tudo no tempo e fora do tempo? Será que o período programático de culto que chamamos de 'louvor' teria essa capacidade? Será que o simples desejo de ver, tocar, falar... que todos os crentes somados cantam poderia retirar o Senhor de todos os muitos afazeres nessa Sua dimenção particular de pureza, completude e total ausência de pecado, tanto em estado como na prática, para fazê-LO vir até nós no período de cânticos?" (pág. 2)

De fato, a palavra de Deus diz que Ele procura por aqueles que adoram em espírito e em verdade (Jo 4:23-24), e Ele se agrada disso. Partindo desse texto, podemos fazer algumas considerações sobre o que é e o que não é uma adoração verdadeira, e quebrar alguns entendimentos equivocados sobre a adoração:

  • A adoração verdadeira não depende de atos exteriores para acontecer. Conforme o que o Dr. Russel Shedd coloca no seu livro "Adoração Bíblica", no texto acima, o termo "em espirito", no grego pneumati (pneuma - πνεῦμα), está no dativo instrumental, ou seja, a adoração é feita pelo espírito (por meio de, através de), e em verdade (alētheia - ἀλήθεια), ou verdadeiramente. Não existe qualquer menção à forma, mas sim ao que está no interior do adorardor. Portanto, não importa qual a música, o estilo, se é uma expressão avivada ou tradicional... o que importa é que o coração e a mente do adorador estejam entregues de forma sincera à sua adoração.
  • A adoração verdadeira não depende de um lugar para acontecer. Em Jo 4:21, Jesus deixa claro que não existe um lugar certo para adorar. Contextualizando para os dias de hoje, não importa se estamos no templo de nossa igreja local, ou varrendo nossa casa, todos os lugares são igualmente "santos" e igualmente adequados
  • A adoração verdadeira não é um ato de religiosidade. O texto de Mc 7:6-7, remetendo à Is 29:13, nos deixa claro que Deus não está interessado no ativismo religioso. Os fariseus cumpriam rigorosamente uma tradição, mas seu coração não estava naquilo que eles faziam, não tinham amor verdadeiro. Não importa se frequentamos todos os cultos ou não, se estamos envolvidos em algum ministério ou não, ou se ocupamos algum cargo eclesiástico ou não. Não é nosso ativismo religioso que agrada à Deus, mas sim um coração contrito e sincero, conforme uma das declarações mais lúcidas do Velho Testamento, feita por Davi no Sl 51:16-17.
O ponto principal é que para prestarmos uma adoração verdadeira é que adoração não está ligado apenas ao que acontece em nosso momento de culto. Adoração não está ligado às músicas que tocamos e cantamos, ao contrário do que muitos pensam, a música é um serviço que prestamos para a igreja, e não para Deus diretamente (falaremos disso mais para frente). Adoração não está ligado ao que "sentimos", ou às manifestações sobrenaturais do Espírito Santo (não que ambas as coisas não possam  acontecer, mas não é isso que mede e muito menos determina nossa adoração).

Adoração é pura e simplesmente o ato de nos relacionarmos, intimamente, com Ele. Deus é relacionamento, e  o seu maior desejo ao criar o homem foi compartilhar esse relacionamento conosco. Adoramos a Deus quando respondemos a Ele, conscientes de quem Ele é, o que Ele fez e de quem nós somos, e respondemos a Ele, de coração grato, sincero e humilde.

Nos próximos posts sobre Teologia da Adoração, pretendendo desenvolver essa ideia seguindo de forma cronológica como foi a revelação divina ao homem de como Deus quer que desenvolvamos esse relacionamento com Ele, baseado no material desenvolvido pelo Esp. Átila da Silva e pelo livro de "Adoração Bíblica", desenvolvido pelo Dr. Russel Shedd.

Espero que esse material abençoe sua vida e seu ministério.


Na graça e na paz de Cristo,

Renan Alencar de Carvalho