No entanto, a partir dos anos 80, encabeçado pela igreja "Renanscer em Cristo", surgiu o movimento "Gospel" no Brasil, marcados pelo rock e o pop, de forte influência da música norte-americana. Com uma abordagem mais mercadológica, a industria fonográfica "gospel" se consolidou criando o comércio e a mídia de massa cristã.
Claro que coisas boas aconteceram nesse tempo, bandas como "Oficina G3" e "Resgate" me influenciaram no começo da minha caminhada cristã. Abriu-se espaço para novos ritmos, como o rock, pop, reggae, ska, eletrônico etc, e isso foi bom. Novas linguagens foram adotadas, atingindo novos públicos. Mas o movimento gospel também trouxe efeitos ruins para o cenário da música cristã brasileira. Não vou entrar na discussão do "por trás" da questão mercadológica, mas vejo pelo menos dois efeitos danosos:
O primeiro é que novamente voltamos a ser prisioneiros do pensamento e da cultura estrangeira. Não sei ao certo o autor, mas existe uma frase que fiz que "Não existe nada mais brasileiro do que querer ser igual ao norte-americano", infelizmente essa frase contém muito de verdade. Idolatramos tudo que o que vem do norte, muitas vezes sem um mínimo de filtro, e deixamos de valorizar o que é nosso. A música brasileira é riquíssima em todos os sentidos, uma fonte inesgotável de beleza e inspiração. Perdemos muito dando atenção somente ao que vem da terra do Tio Sam.
O segundo ponto é que, ao meu ver, na busca pela forma, o conteúdo foi deixado de lado. Claro que existem contextos onde a música não precisa ter um conteúdo profundo, nas no caso da música cristã, mais importante que a forma ou ritmo em que se está cantando é o conteúdo da mensagem que se está cantando. A música evangélica hoje, tem se tornado cada vez mais rasa, pobre, medíocre... para não dizer herege. Canta-se qualquer besteira rimando Jesus com Cruz, e as pessoas pensam estar cantando para glória de Deus.
Caros leitores, não se enganem, "Voltemos ao Evangelho" e "Cantemos as Escrituras" (dois trabalhos excelentes nessa proposta e valem ser conhecidos). É ótimo ter liberdade para escolher a forma, mas forna sem conteúdo não representa nada para nossa fé. Precisamos entender que bondade, beleza e verdade devem andar juntas, e que nossa música deve refletir a beleza do criador, seu caráter e sua palavra.
Sob essa perspectiva, vou começar a postar algumas músicas que tem tocado meu coração em atingir e elevar minha alma ao criador, com beleza e com verdade.
E para começar, um soneto do CD "Leve é a Pena", do Silvestre Kuhlmann:
No Oculto de seu quarto
"No oculto de seu pequenino quarto
Portas fechadas, sem fazer alarde,
O moço presta culto; o peito arde.
Busca da Água e do Pão que o torna farto.
O moço presta culto; o peito arde.
Busca da Água e do Pão que o torna farto.
E diz ao seu Amado: Não me aparto
Deste lugar quer seja cedo ou tarde.
Nada me impedirá que eu Te aguarde;
Se não vieres a mim, daqui não parto.
Deste lugar quer seja cedo ou tarde.
Nada me impedirá que eu Te aguarde;
Se não vieres a mim, daqui não parto.
De que me vale ter todas as coisas?
A fome em minha alma não se mede.
Virás pra saciar a minha sede?
A fome em minha alma não se mede.
Virás pra saciar a minha sede?
Tesouros vãos se vão.São ventos, brisas,
Quero buscar primeiro a Ti e ao Reino;
No qual quero chegar feito menino."
Quero buscar primeiro a Ti e ao Reino;
No qual quero chegar feito menino."
abraços,
Renan Alencar de Carvalho
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