Introdução
"Como Deus, eterna é a Canção" (Mario Valladão).
A música faz parte da história da humanidade. Em todos os povos, de todas as culturas, existe alguma forma de manifestação musical, seja para o entretenimento, para rituais religiosos e sociais ou para a apreciação estética e artística. A verdade é que a origem da música se confunde com a própria origem da humanidade. Ela sempre esteve presente na nossa história e assim permanecerá, provavelmente, pela eternidade. Pensando nisso, Mario Valladão sabiamente compôs uma música que diz que "Como Deus, eterna é a canção".
A música provavelmente começou com a imitação da natureza. Ao ouvir a beleza dos cantos dos pássaros e de outros animais, compostas pelo supremo artista, foi natural ao homem imitá-los. Dentro da narrativa bíblica, a primeira citação da música é sobre Jubal, tataraneto de Adão, que foi o pai dos que tocavam kinnôr (arpa) e ûgâb (flauta). Com a evolução do tempo, os instrumentos e a música foram sendo aprimoradas, e começou-se a ter a necessidade de se registrar o que estava sendo tocado/cantado, de modo que a música pudesse ser lida e re-executada posteriormente.
Os primeiros ensaios para uma notação musical começaram na idade média. Para se registrar as melodias dos cantos gregorianos, foi desenvolvido um sistema de notação por neumas, onde cada figura representava um conjunto de notas, uma pequena frase musical, mas sem muita precisão. Nesse momento da história, ainda não existiam as notas definidas (como conhecemos hoje). Intuitivamente, usava-se a sequencia de notas que hoje conhecemos por escala maior, e as variações dela começando por diferentes pontos da escala (o que hoje conhecemos por modos gregos), porém não existiam os conceito de tonalidade e harmonia.
Por volta do século X, o monge italiano Guido d'Arezzo nomeou as notas, baseado em um cântico à São João, onde cada frase se iniciava em uma nota da escala maior. Para dar o nome as notas, Guido utilizou as primeiras sílabas de cada frase, como mostrado abaixo:
Ut queant L'axes
Ressonare fibris
Mira gestorum
Famule tuerum
Solve polluti
Labii reatum
Sanctu Ioannes
Com o tempo, "Ut" foi substituído por "Do"para facilitar a pronúncia com uma sílaba terminada em vogal, formando assim as notas utilizadas até hoje na música ocidental: (Dó-Ré-Mi-Fá-Sol-Lá-Si). No sistema de notação de Guido, era utilizado um tetragrama onde as notas era escritas, o pentagrama (conjunto de 5 linhas utilizado até os nossos dias) surgiu em meados do século XII.
Com o passar dos séculos, a notação musical foi sofrendo diversas evoluções, conforme a necessidade e o contexto musical. Além da partitura (notação mais completa), existem outros meios de notação como tablatura (para instrumentos de corda, como o violão e o baixo) e a cifra, amplamente utilizada na música popular, que se preocupa em registrar apenas os acordes em que a música se baseia.
Por que estudar teoria musical?
Dentro de nossa cultura musical brasileira, onde se predomina a música popular, é comum encontrar pessoas que "tocam de ouvido", mas não conhecem teoria musical. Com isso, muita gente acha desnecessário estudar teoria, ou contenta-se em saber ler apenas cifras de músicas de acordes simples. Se você quer apenas arranhar um instrumento em casa como hobbie, tudo bem não conhecer teoria, mas se você pretende atuar em um grupo (seja uma banda de amigos, igreja ou profissionalmente) ou pretende tocar para outras pessoas ouvirem, recomendo fortemente que você se preocupe em estudar teoria.
Se você está lendo esse post, é provável que você já esteja buscando isso, mas caso você ainda ache desnecessário, deixe-me colocar apenas alguns motivos para que você se convença da necessidade de estudar música:
- A música é uma linguagem universal. Independente do país em que você estiver, você conseguirá se comunicar com as outras pessoas com quem estiver tocando junto.
- A medida que você conhece mais teoria, você consegue tocar músicas mais complexas, preparando-se para qualquer tipo de música que você precise tocar.
- Você se torna menos dependente de materiais externos, como livros e internet. Por exemplo: entendendo a teoria de construção de acordes, você saberá montar um acorde novo que você não conheça, sem ter que buscar em algum material como fazê-lo.
- Você consegue incluir outros músicos. É comum para quem está começando a estudar algum instrumento erudito, como flauta e violino, não conseguir tocar em bandas, onde toda a linguagem musical se dá por cifras e improviso. Caso a banda tenha um músico mais experiente que saiba escrever partitura, ele poderá escrever as linhas melódicas que esses instrumentos precisam tocar.
- Entendendo as "regras", você entende como quebrá-las, e fazer a música do seu próprio modo. Por exemplo, você pode re-harmonizar uma música, dando-lhe um "ar" totalmente novo, conforme o seu gosto musical.
Enfim, existem muitos outros motivos, mas espero que esses sejam suficientes. Vale dizer também que teoria não é apenas para instrumentistas. Cantores precisam conhecer tanto de teoria musical quanto qualquer instrumentista. É um grande erro dos vocalistas pensarem que não precisam saber teoria para cantar. A falta de conhecimento teórico os torna mais limitados e dependentes
Nesse primeiro post, minha intenção foi fazer uma pequena introdução à série de posts que pretendo fazer sobre teoria musical. Para quem quiser aprender um pouco de teoria, espero que esse material lhe ajude nessa jornada de aprendizado. Para os mais experientes, por favor, sintam-se à vontade para criticar qualquer ponto ou fazer comentários que complementem o conteúdo, afim de gerar um material de melhor qualidade.
No próximo post vou abordar alguns conceitos básicos de música. Se você não entendeu alguma palavra ou conceito nesse primeiro texto, no próximo post pretendo fazer um glossário para ajudá-lo no "musiquês".
atenciosamente,
Renan Alencar de Carvalho
Acompanharei atentamente estes posts que já julgo preciosíssimos!
ResponderExcluirObrigado, Rê!
Obrigado Flávio. Repasso p/ pessoal da sua igreja, de repente dá uma ajuda!
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